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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Goleiro santo Goleiro

Goleiro tem que treinar muito. É verdade que ele corre menos do que qualquer outro jogador de linha. Mas seu esforço é no mínimo igual, às vezes até maior. Dizem que um bom time começa por um grande camisa 1. Erros e acertos de quem está debaixo das traves são amplificados, pois interferem diretamente no placar. Por tudo isso e mais um pouco, amigo, ser goleiro não é fácil. E para tristeza de quem ama futebol está encerrada a carreira de um dos maiores jogadores da históira: Marcos, o santo de Palestra Itália.
Ele que, curiosamente, se consagrou com a camisa 12 e não com a 1, se cansou das dores no corpo e dos times medíocres que o Palmeiras vem montando há anos. Marcos não merecia, por exemplo, ter em seu currículo uma goleada de 6 a 0 do Coritiba. Nem mesmo a presença no atual Verdão de companheiros na histórica conquista da Libertadores de 1999, como Luis Felipe Scolari, César Sampaio e Galeano foram suficientes para ele agüentar por pelo menos seis meses a ira dos carentes palmeirenses, que a cada derrota pressionam o time.
Marcos não é chamado de ‘São’ por acaso. Seu carisma e simpatia o fazem ser adorado por torcedores de todos os clubes. Ele tem algo raro nos dias de hoje: sinceridade. Figuras respeitadas como Vanderlei Luxemburgo, Muricy Ramalho e o próprio Felipão nunca conseguiram faze-lo se calar diante de injustiças ou até mesmo erros de companheiros. Marcos foi do céu ao inferno entre junho e dezembro de 1999. Figura brilhante no título da Libertadores, vilão na derrota para o Manchester United na final do Mundial. A redenção aconteceu em 2002, quando foi fundamental na Copa do Mundo. Em 2003, veio a chance de ir para o futebol inglês, mas as fortes dores na mão e o amor pelo Palmeiras fizeram com que Marcão jogasse a segunda divisão do Brasileirão.
Um dos poucos atrativos que o torcedor do Verdão tinha para ir ao estádio se acabou. É evidente que a lenta diretoria do clube não sabe onde coloca-lo agora, apesar de contratualmente Marcão integrar a comissão técnica. Qualquer homenagem, qualquer estátua será pequena perto da grandeza dele. Se na infância era corintiano, Marcos escreveu, enquanto agüentou fisicamente, a história mais bonita de um goleiro palmeirense. Obrigado, Santo!


COLUNA MARCEL CAPRETZ


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