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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Oceania: Um continente em busca do Profissionalismo no Futebol

A Oceania é conhecida pelas belas praias, com águas cristalinas, e também pela Austrália e Nova Zelândia.

A Austrália no futebol não faz mais parte da OFC, Oceania Football Confederation, com o objetivo de se classificar para a Copa do Mundo, migrou para Confederação Asiática.
Poucos sabem, mas com a Austrália fazendo parte do futebol Asiático agora, a Oceania continua sendo assim, um continente amador no futebol, com o país mais estruturado e mais forte sendo a Nova Zelândia.

Existem outros países que vem se estruturando, como Fiji e Papua Nova Guiné. A Papua nos últimos anos contou com ajuda Brasileira, sendo treinada por Marcos Alves Grosche, entre 2004 e 2008.

Marcos em ação comandando a Seleção de Papua Nova Guiné.
Marcos está desde 1997 no futebol, com grande passagem pela Ásia, sendo o primeiro Brasileiro a trabalhar nas Ilhas Maldivas, chegou a Papua em 2004, graças a um amigo que enviou um e-mail ao presidente da federação de Papua, David Chung. Marcos desembarcou no país e achou o futebol em estado de várzea, tendo que reestruturar, criar uma liga local e  promover cursos para formação de treinadores.

Marcos ainda teve uma pequena passagem pelo Marist das Ilhas Salomão, e o Hekari United, de Papua em 2010.Como resultado do trabalho, Marcos revela que além de melhorar a estrutura do futebol, Papua teve jogadores exportados para o futebol da Austrália e da Nova Zelândia, além de técnicos melhor capacitados e a ida do Hekari United para o Mundial de Clubes da FIFA em 2010.

1-Marcos, como recebeu a proposta para trabalhar em Papua Nova Guiné?
Eu estava no Guaçuano para disputar a 4º divisão de São Paulo e um amigo da Austrália me indicou para o presidente da Federação de Papua Nova Guiné. Ele me mandou um e-mail com as condições e aceitei, até porque era um desafio e tanto.

2-Quando aceitou o desafio, você já conhecia o futebol da Oceania?
 Só conhecia alguma coisa do futebol Australiano, que beirava o amadorismo. 


3-Marcos, o futebol da Oceania, e você trabalhou entre 2005 e 2008. O contrato que você possuía era com a Federação de Futebol da Oceania, ou um acordo entre Brasil e Papua?

Não tinha acordo Brasil-Papua. Eles não tinham nenhum contato com a CBF.  

4-Quando chegou a Papua Nova Guiné, qual era a o estado do futebol e como era o país?
Era uma verdadeira bagunça, uma várzea mal organizada, o presidente David Chung (Malásia), residente em Papua com negócios na região, começou a colocar ordem na casa, restaurou os campos de futebol, organizou melhor o campeonato amador e fez o plano quadrienal para a semi profissionalização do futebol e do campeonato. Quanto ao país, é muito pobre, e a desigualdade social é enorme, eu achei muito parecido a África. 

5- Como foi à filosofia de trabalho implantada em Papua Nova Guiné, e o s resultados com jogadores, equipes e seleção?

A filosofia era a mais profissional possível, mas obviamente que não foi fácil, o povo da costa é mais preguiçoso, os das montanhas mais trabalhadores, eram disciplinados comigo, mas após os treinos iam beber, aliás, o alcoolismo é um problema social, as equipes se organizaram bem, a companhia aérea Air New Guinea levava as equipes de um estado a outro em acordo com a federação, o secretario geral da federação era muito detalhista e um grande "CEO", acredito que a filosofia tanto do presidente, das federações locais e dos clubes, aliados as metas da Oceania Football Confederation, contribuíam para o futebol de papua ser um dos mais organizados da Oceania, junto as Ilhas Fiji.

6-Você saiu devido à proposta da Suécia? 
Eu sai porque tinha a propostas da Índia, Síria e Suécia, resolvi em comum acordo com o presidente, que era hora de ir embora e que meu trabalho já estava feito,deixando para outro tudo organizado e sem as dificuldades do inicio. 

7-Por que mesmo com investimento da Fifa, o futebol da Oceania continua amador?
Em alguns países o dinheiro é bem investido, como foi na Austrália, Nova Zelândia, Ilhas Fiji e Papua, em outros, esse dinheiro ia para o bolso dos dirigentes.

8-Além de você e Airton Andrioli nas Ilhas Salomão houve outros Brasileiros na Oceania? 
Conheci o Aírton em Auckland, ele é um carioca residente na Austrália e na época treinava as Ilhas Salomão.
Ele vivia reclamando de salários atrasados (risos), e não tinham outros treinadores Brasileiros.

9-Você ainda recebe convite para trabalhar na Oceania? Quais?
Mantenho contato com eles, mas não recebi convites para voltar. 

10-O que falta para a Nova Zelândia tornar o futebol profissional, e além dela, estamos com grande evolução em Fiji, você acredita que sejam as próximas duas nações a tornar o futebol profissional?
A Nova Zelândia é muito bem organizada, mas seu futebol é pequeno, seus estádios são pequenos, só uns dois são grandes e são usados para o Rúgbi e eventualmente para grandes partidas de futebol.  Eles não investem muito dinheiro no futebol e preferem assim, as Ilhas Fiji, é uma filial da "Índia", pois o que mais tem é Indiano, com todos os clubes sendo mantidos por Indianos e organizando bem seus campeonatos, mas falta dinheiro para profissionalizar melhor o futebol e isso geraria muitos custos que eles não querem. 

11- Você esteve em grupo de estudos e seminários do futebol em parceria da Uefa com a Oceania. Como eram realizados esses estudos, e o que pode acrescentar em nível para o futebol da Oceania?
Eram palestras entre diretores técnicos de todos os países da Oceania, organizados pelo diretor técnico da Oceania Football Confederation, mostrando as metas a serem atingidas ano a ano, cursos para formação de novos treinadores dos países da Oceania e vinham instrutores da Uefa para troca de  experiências. A FIFA também organizava seminários, tendo hoje o nível técnico dos países da Oceania  muito alto, e esta mais profissional.
Tudo isso foi muito enriquecedor para meu currículo, o que muitos falam hoje no Brasil, eu já fazia há anos atrás por lá. 

12-Marcos você viajou por todos os países da Oceania, conheceu o futebol e tem histórias inusitadas para contar. Gostaria que falasse a respeito das regiões mais desconhecidas como Tonga, Samoa Americana e Tuvalu, e qual o país que possui o futebol mais aproximado com o Brasileiro?
Tuvalu fui passear e acabei conhecendo seu futebol, eles gostam de brincar e nada mais, Samoa Americana , estive e conheci seu treinador, na época um Inglês muito legal, dizendo que estava aproveitando sua aposentadoria ensinando gente grande a jogar futebol.  Em Tonga, conheci todo mundo, inclusive os transgêneros  que lá é normal, muito antes dos Ocidentais ficarem debatendo essa questão.  Quanto ao futebol, todos são gordos e gostam mesmo é de Rúgbi e comida farta (risos).
Em Samoa, a outra, a presidente da Federação era mulher e seu marido o Vice, ela me chamou para dançar e me disse que eu seria o marido dela naquela noite (risos), imagine que noite (risos). 


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