A Oceania
é conhecida pelas belas praias, com águas cristalinas, e também pela Austrália
e Nova Zelândia.
A
Austrália no futebol não faz mais parte da OFC, Oceania Football Confederation,
com o objetivo de se classificar para a Copa do Mundo, migrou para Confederação
Asiática.
Poucos
sabem, mas com a Austrália fazendo parte do futebol Asiático agora, a Oceania
continua sendo assim, um continente amador no futebol, com o país mais estruturado e
mais forte sendo a Nova Zelândia.
Existem
outros países que vem se estruturando, como Fiji e Papua Nova Guiné. A Papua
nos últimos anos contou com ajuda Brasileira, sendo treinada por Marcos Alves
Grosche, entre 2004 e 2008.
Marcos em ação comandando a Seleção de Papua Nova Guiné. |
Marcos
está desde 1997 no futebol, com grande passagem pela Ásia, sendo o primeiro
Brasileiro a trabalhar nas Ilhas Maldivas, chegou a Papua em 2004, graças a um
amigo que enviou um e-mail ao presidente da federação de Papua, David Chung.
Marcos desembarcou no país e achou o futebol em estado de várzea, tendo que
reestruturar, criar uma liga local e
promover cursos para formação de treinadores.
Marcos
ainda teve uma pequena passagem pelo Marist das Ilhas Salomão, e o Hekari
United, de Papua em 2010.Como resultado do trabalho, Marcos revela que além de
melhorar a estrutura do futebol, Papua teve jogadores exportados para o futebol
da Austrália e da Nova Zelândia, além de técnicos melhor capacitados e a ida do
Hekari United para o Mundial de Clubes da FIFA em 2010.
1-Marcos, como recebeu a proposta
para trabalhar em Papua Nova Guiné?
Eu
estava no Guaçuano para disputar a 4º divisão de São Paulo e um amigo da Austrália
me indicou para o presidente da Federação de Papua Nova Guiné. Ele me mandou um
e-mail com as condições e aceitei, até porque era um desafio e tanto.
2-Quando aceitou o desafio, você
já conhecia o futebol da Oceania?
Só
conhecia alguma coisa do futebol Australiano, que beirava o amadorismo.
3-Marcos, o futebol da Oceania, e
você trabalhou entre 2005 e 2008. O contrato que você possuía era com a
Federação de Futebol da Oceania, ou um acordo entre Brasil e Papua?
Não tinha
acordo Brasil-Papua. Eles não tinham nenhum contato com a CBF.
4-Quando chegou a Papua Nova
Guiné, qual era a o estado do futebol e como era o país?
Era uma
verdadeira bagunça, uma várzea mal organizada, o presidente David Chung
(Malásia), residente em Papua com negócios na região, começou a colocar ordem
na casa, restaurou os campos de futebol, organizou melhor o campeonato amador e
fez o plano quadrienal para a semi profissionalização do futebol e do
campeonato. Quanto ao país, é muito pobre, e a desigualdade social é enorme, eu
achei muito parecido a África.
5- Como foi à filosofia de
trabalho implantada em Papua Nova Guiné, e o s resultados com jogadores,
equipes e seleção?
A
filosofia era a mais profissional possível, mas obviamente que não foi fácil, o
povo da costa é mais preguiçoso, os das montanhas mais trabalhadores, eram
disciplinados comigo, mas após os treinos iam beber, aliás, o alcoolismo é um
problema social, as equipes se organizaram bem, a companhia aérea Air New Guinea
levava as equipes de um estado a outro em acordo com a federação, o secretario
geral da federação era muito detalhista e um grande "CEO", acredito
que a filosofia tanto do presidente, das federações locais e dos clubes, aliados
as metas da Oceania Football Confederation, contribuíam para o futebol de papua
ser um dos mais organizados da Oceania, junto as Ilhas Fiji.
6-Você saiu devido à proposta da
Suécia?
Eu
sai porque tinha a propostas da Índia, Síria e Suécia, resolvi em comum acordo
com o presidente, que era hora de ir embora e que meu trabalho já estava
feito,deixando para outro tudo organizado e sem as dificuldades do
inicio.
7-Por que mesmo com investimento
da Fifa, o futebol da Oceania continua amador?
Em alguns
países o dinheiro é bem investido, como foi na Austrália, Nova Zelândia, Ilhas
Fiji e Papua, em outros, esse dinheiro ia para o bolso dos dirigentes.
8-Além de você e Airton Andrioli
nas Ilhas Salomão houve outros Brasileiros na Oceania?
Conheci
o Aírton em Auckland, ele é um carioca residente
na Austrália e na época treinava as Ilhas Salomão.
Ele vivia reclamando de salários atrasados
(risos), e não tinham outros treinadores Brasileiros.
9-Você ainda recebe convite para
trabalhar na Oceania? Quais?
Mantenho
contato com eles, mas não recebi convites para voltar.
10-O que falta para a Nova
Zelândia tornar o futebol profissional, e além dela, estamos com grande
evolução em Fiji, você acredita que sejam as próximas duas nações a tornar o
futebol profissional?
A Nova
Zelândia é muito bem organizada, mas seu futebol é pequeno, seus estádios são
pequenos, só uns dois são grandes e são usados para o Rúgbi e eventualmente
para grandes partidas de futebol. Eles
não investem muito dinheiro no futebol e preferem assim, as Ilhas Fiji, é uma
filial da "Índia", pois o que mais tem é Indiano, com todos os clubes
sendo mantidos por Indianos e organizando bem seus campeonatos, mas falta
dinheiro para profissionalizar melhor o futebol e isso geraria muitos custos
que eles não querem.
11- Você esteve em grupo de
estudos e seminários do futebol em parceria da Uefa com a Oceania. Como eram
realizados esses estudos, e o que pode acrescentar em nível para o futebol da
Oceania?
Eram
palestras entre diretores técnicos de todos os países
da Oceania, organizados pelo diretor técnico da Oceania
Football Confederation, mostrando as metas a serem atingidas ano a
ano, cursos para formação de novos treinadores dos países da
Oceania e vinham instrutores da Uefa para troca de experiências.
A FIFA também organizava seminários, tendo hoje
o nível técnico dos países da Oceania muito
alto, e esta mais profissional.
Tudo isso
foi muito enriquecedor para meu currículo, o que muitos falam
hoje no Brasil, eu já fazia há anos atrás por lá.
12-Marcos você viajou por todos
os países da Oceania, conheceu o futebol e tem histórias inusitadas para
contar. Gostaria que falasse a respeito das regiões mais desconhecidas como
Tonga, Samoa Americana e Tuvalu, e qual o país que possui o futebol mais
aproximado com o Brasileiro?
Tuvalu
fui passear e acabei conhecendo seu futebol, eles gostam de brincar e nada
mais, Samoa Americana , estive e conheci seu treinador,
na época um Inglês muito legal, dizendo que
estava aproveitando sua aposentadoria ensinando gente grande a jogar
futebol. Em Tonga, conheci todo mundo, inclusive
os transgêneros que lá é normal, muito antes dos Ocidentais ficarem
debatendo essa questão. Quanto ao futebol, todos são gordos e gostam
mesmo é de Rúgbi e comida farta (risos).
Em Samoa, a
outra, a presidente da Federação era mulher e seu marido o Vice, ela
me chamou para dançar e me disse que eu seria o marido dela naquela
noite (risos), imagine que noite (risos).
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