O Catar é um pequeno país com aproximadamente 1,9 milhão
de habitantes, sendo 75% de seus habitantes estrangeiros, com apenas 250 mil
nativos, as cidades mais populosas, Doha e Al-Rayyan, juntas possuem 74% da
população do país.
Habitado durante muitos anos pelos Persas, o Catar só
conseguiu sua independência em 3 de setembro de 1971 da Inglaterra, e durante a
época não aceitou se juntar com outros estados árabes, como Emirados Árabes
Unidos e Arábia Saudita.
Durante os anos de 1920 e 1930, o país era muito pobre e
sua economia tinha como base a pérola e a pesca, mas durante a década 1940,
veio à descoberta do petróleo, alavancando assim o crescimento do país, além
das reservas de gás natural, na qual possuem 26 trilhões de metros cúbicos, 14%
da reserva mundial do mundo.
Seu governo é constituído pela monarquia absoluta, no
qual a família Al-Thani, pertencente à tribo Banu Tamim, governa o país desde
1825. Em 1995, o Catar foi marcado por um fato inusitado, durante a viagem do
emir, que é o comandante do país, seu filho Hamad, de 45 anos, anunciou que
estava tomando o poder a membros da corte real e representantes de famílias
influentes e principais tribos do Catar. Foi convocada então uma assembleia
entre a família Thani e decidiram que Hamad seria o novo governante.
Com a decisão consolidada, Hamad telefonou para seu pai
que estava na Suíça, mas ele já sabia dessa informação e por conta disso não
atendeu ao telefone. O pai de Hamad, Klhalifa bin Hamad Al-Thani, tentou
recuperar o trono oito meses depois, mas sem sucesso. O atual emir é Tamin bin
Hamad bin Khalifa Al-Thani, que assumiu o posto em 2013.
O Catar é um dos poucos países em que não se pagam
impostos, além de ser sede da mais importante TV no mundo Árabe, a Al-Jazeera,
o país possui como tradição a corrida de camelos e também a falcoaria, com
direito a hospital e salão de beleza para falcões que custam entre 800 e 40 mil
reais.
Outro esporte que vem se popularizando e possui grande
investimento é o futebol, a Liga Nacional começou por volta da década de 1960,
quando foi fundada a federação de futebol do país, mas a filiação a FIFA só
ocorreu em 1972.
Atualmente o Catar é o número 78º do ranking da FIFA, e
nunca participou de uma Copa do Mundo, mas sediará a de 2022. Sua liga nacional
é a Catar Stars League, com 14 equipes na primeira divisão e 18 na segunda
divisão, cujo maior vencedor é o Al-Saad, com 13 conquistas.
O Blog do Futebol entrevistou o diretor técnico Edson
Aguiar, atualmente no Al-Rayyan, uma das equipes que mais venceu a Catar Stars
League, Aguiar foi ex-jogador de futebol com passagens por São Paulo, se
consagrando Campeão Paulista em 1981, Guarani, Atlético Paranaense e encerrou a
carreira no Nagoya Grampus Eight, no qual se tornou diretor técnico,
trabalhando no clube entre 1992 até 1998.
Além de Diretor Técnico, Edson foi treinador de equipes
como Linense e Clube Atlético Taquaritinga. Foi auxiliar técnico de Muricy
Ramalho no Botafogo de Ribeirão Preto em 1998, e teve sua primeira passagem
pelo Catar em 2005, no Al-Saad. Trabalhou com Paulo Autuori, no Al Rayyan SC,
no Grêmio de Porto Alegre e novamente no Al Rayyan SC, onde permanece até o
momento.
Edson cumprimenta os dirigentes após título da equipe. |
Como foi parar no Catar, e qual foi sua reação quando
recebeu a proposta?
Recebi a proposta em 2005. Estava com minha esposa nos
EUA de férias. Ficamos felizes, mas muitas dúvidas sobre o país, o clube
e a cultura.
Por que mesmo com a ajuda de muitos estrangeiros o
Catar ainda não foi para uma Copa do Mundo?
Creio que um dos aspectos mais marcante é cultural.
Também tem um calendário escolar que não se relaciona com o calendário do
futebol profissional e das camadas jovens. O aspecto climático dificulta a
prática do futebol em pelo menos 2 meses e meio. O país tem uma pequena
população de nativos e as regras que a Federação do Catar estabelece no
momento, inviabiliza as camadas jovens de ter uma presença diária nos
treinamentos. Número de estrangeiros limitados, cinco por categoria,
mesmo que o atleta tenha nascido nos pais e outras dificuldades, como o ASPIRE
e ASPETAR, que são centros de excelência, mas totalmente descontextualizados da
realidade dos clubes e da Federação do país.
Em aspectos financeiros e estruturais, como é o
futebol do Catar?
O país tem um poder econômico muito grande que é oriundo
do petróleo e gás. Quando se transfere ao esporte de uma maneira geral, mais
especificamente ao futebol é muito gratificante trabalhar num país e ver todas
as categorias com todos as formações educacionais entre os 5 aos 19 anos e com
seus times B e Profissional. O nível comparado com os outros países como:
Brasil, Argentina, Holanda, Itália, Japão, Alemanha, ainda está longe da
realidade desses centros, mas apesar de toda dificuldade competitiva irá sediar
a Copa do Mundo de 2022, graças ao seu poderio econômico.
Como são a cultura e a vida no país?
Depois de trabalhar em vários países, aprendi rapidamente
para viver bem em local novo é você conhecer a cultura do país e aprender e se
esforçar para ter qualidade de vida e aqui, graças a tranquilidade de sair de
casa, apesar do transito intenso e não correr risco de ser assaltado ou algo
mais grave, aqui tem uma das coisas que mais preso que é segurança.
Você possui alguma história inusitada para contar do
Catar?
Todo país tem suas particularidades e histórias
inusitadas e aqui não poderia ser diferente. Os camelos sempre foram animais
marcantes para nós brasileiros, pois acredito que a maioria tem seu primeiro
contato apenas em circos. Aqui esse animal é muito comum e existem placas de
sinalizações em estrada com alertas de animas na pista e esse animal da
sinalização é o camelo. Tiramos muitas fotos e essa é uma das mais marcantes e
engraçadas.
Como está o trabalho no Al-Rayyan?
Treinador brasileiro Edson Aguiar desenvolve excelente trabalho como diretor técnico da base do Al-Rayyan. |
Completarei meu quarto ano consecutivo e graças a Deus
estou feliz. Tenho uma relação de muito profissionalismo e tenho uma
credibilidade por parte dos dirigentes. Somos uma referência organizacional no
aspecto de trabalho em equipe e acredito que podemos continuar prospectando
muitas alegrias aos torcedores e simpatizantes do nosso clube nos próximos
anos.
Grande Edson Aguiar , esse seu comprometimento e competência o torna um dos maiores Profissionais do Futebol Mundial. Forte abraço.
ResponderExcluirConheci o Edson através da minha tia Shirley, que é irmã dele e vive no Brasil. Atualmente vivo na Irlanda, porém, apesar de estar longe, sempre acompanhei e torci pelo trabalho deste grande profissional. Desde os tempos de Nagoya, do qual ainda tenho revistas autografadas. Um grande abraço e muito sucesso ao Edson!
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