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sábado, 23 de junho de 2012

"De Cara a Cara"

O quadro irá entrevistar hoje um dos maiores treinadores de futebol do Brasil,trata-se de Carbone,ex-técnico do Palmeiras,Fluminense(clube onde conquistou o Campeonato Carioca e saiu no Brasileiro de 1983 faltando apenas oito jogos para acabar a competição,ano em que o clube foi campeão),e também se sagrou Campeão Peruano em 1966 com o Sporting Cristal do Peru.
Atualmente Carbone está sem trabalhar no futebol desde 2010,onde o último clube dele foi o Al-Merreikh do Sudão,infelizmente não sei como os clubes no Brasil não contratam mais o Carbone,pois é um técnico completamente experiente e conhecedor do futebol,tanto ele como Cabralzinho e Zé Mário mereciam mais chances no Brasil,é uma injustiça isso!!!.
Atualmente Carbone mora em Campinas.



Nome:José Luiz Carbone

Nascimento:22 de março de 1946-São Paulo

Mora Atualmente:Campinas-SP

Email:karba_46@hotmail.com



Clubes como jogador:

São Paulo(1963-1965 e 1967-1968),Ponte Preta(1966),Metropol-SC(1968),Internacional(1969-1973),Botafogo(1973-1979),Grêmio(1974),Nacional-SP(1980-1982).

Títulos:Campeão Gaúcho(1969,1970,1971,1972,1973-pelo Internacional.

Clubes como Técnico de Futebol:

Goytacaz-Rj(1983),Fluminense(1983-1984,1987 e 1997-1998),Ponte Preta(1984-1985),Botafogo(1985-1986),Palmeiras(1986-1987),Guarani(1988,1996,2000-2001,2007),Al-Saad-QAT(1988,1989),Internacional(1989),Bahia(1990),Cruzeiro(1900-1991),Criciúma(1991),União São João(1991-1992),Sharjah-EAU(1993-1995,1998-1999),Ituano(1993),Sporting Cristal-PERU(1996-1997),Juventus-SP(1997),Remo(1999-2000),Paraná(2001-2002),Remo(2002),Botafogo-SP(2002-2003),União Rondonópolis-MT(2003),Joinville(2003),Blooming-Bolivia(2004-2005),Sertãozinho(2005-2007),Ararat Club- Irã(2006),Ponte Preta(2008-mas trabalhou como gerente de futebol remunerado)Atlético de Sorocaba(2009),Al-Merreikh-Sudão(2009-2010)

Títulos como Técnico de Futebol:

Fluminense:Carioca(1983),Kirin(1987).

Sharjah-UAE League-(1993),President Cup(1995).

Sporting Cristal-Peruano(1996).

Remo-Paraense(1999).

“De Cara a Cara”

1-Seu tio Rodolfo Carbone te incentivou muito para gostar de futebol?

A família o admirava muito,e eu também claro,mas tivemos pouco contato, eu e que decidi que seria um jogador de futebol.O meu pai me incentivou muito, ele era muito bom jogador mas não se tornou profissional.

2-Carbone,como foi sua carreira de jogador de futebol?

Eu fui criado na Vila Formosa S.P. e comecei aos treze anos no infantil do Flor da Vila Formosa.Meu pai era conselheiro do C.A. Juventos e aos 16 anos me levou para um teste.Fiquei uns 4 meses mas acharam que eu era Ponta Direita.Não deu certo.No Corinthians eu não queria fazer teste, porque não teria certeza se eu era bom ou porque meu tio jogou la.Ai um juiz de futebol,Waldemar Antonio de Oliveira, me convidou para um teste no São Paulo.E no inicio de 1963 comecei a jogar no Juvenil do São Paulo, conquistando o titulo paulista da categoria.Um ano e pouco depois, o técnico Jose Poy, passou a treinar os profissionais e me deu a chance de subir.Um jogo que marcou na minha memória foi contra o Santos no Morumbi e com a incumbência de marcar Pele.Perdemos por 3x2, ele não marcou nenhum e eu fiz o segundo gol do São Paulo.Em 1966 o Poy foi convidado para treinar a Ponte Preta de Campinas e eu vim emprestado pelo São Paulo junto com Adenir,zagueiro,e Walter Zumzum Ponta Direita.Foi uma boa experiência,mas como tinha muito craque no meio campo fui jogar de Lat.Direito.Voltando ao São Paulo, sofri  uma seria lesão nos ligamentos do joelho,e fiquei quase um ano parado.Em 1968 fui emprestado novamente.Metropol de Criciúma,Fui muito bem,graças a Deus,eliminamos o Grêmio de P.Alegre na taça Brasil e foi ai que houve o Interesse do Internacional em me contratar.

3-Por que ficou pouco tempo no São Paulo?

Eu fiquei no São Paulo de 1963 a 1969, acho que foi um bom tempo.O problema foi que na década de 60 o São Paulo estava mais preocupado em terminar as obras do Morumbi,o time ficou em segundo plano,e os jogadores da base tinham mais dificuldades em se firmar.

4-Como foi a carreira de jogador no Internacional?

Bem, no Inter minha carreira realmente começou.Fui Penta Campeão Gaucho,eleito por duas temporadas o melhor jogador do Rio Grande do Sul e a Primeira convocação para a Seleção Brasileira.Sem esquecer,que Deus o tenha,do técnico Daltro Menezes a quem eu devo muito o meu sucesso no Inter.

5-Para você foi uma tristeza ter ficado na lista dos pré-selecionados e no fim não ter ido para a Copa do Mundo de 1974?

Eu fiquei na lista dos pré- selecionados em 1970.Em 1974 fui convocado na primeira chamada.Joguei a maioria dos amistosos,o Clodoaldo estava lesionado,mas os adversários nos amistosos eram times fracos, jogavam sempre se defendendo, e o meu forte, a minha melhor qualidade, era o desarme, a marcação.Claro que  nestes jogos eu não aparecia muito.Isso tudo fui eu que deduzi.Nos dois primeiros meses de trabalho éramos 22 jogadores, um ambiente sensacional, mas quando convocaram mais três jogadores e iriam acontecer três cortes, o ambiente mudou totalmente.Fui comunicado do corte uma semana antes de embarcar,sem nenhuma satisfação por parte do Zagalo.Ele disse, “Você sabe que teremos que fazer três cortes e você e um deles, obrigado”.Foi o pior dia da minha vida como jogador de futebol.

6-Como foi seu inicio de carreira como técnico de futebol?

Bem, eu não pensava em ser treinador de futebol,com 33 anos ainda no Botafogo,passei no vestibular para comunicação,queria ser jornalista, comentarista de futebol.Depois de 1 ano na faculdade recebi o passe livre do Botafogo e voltei com a família pra São Paulo.Tentei fazer a transferência em varias faculdades e não foi possível.Encerrei a carreira no Nacional A.C. (Segunda Divisão)e em 1982 assumi os juniores.Resolvi ser treinador do meu jeito, tudo que os treinadores que eu tive fizeram comigo e eu não gostei,não vou fazer para os meus jogadores.Fui campeão paulista da segunda divisão de juniores, e quando chegou a Taça São Paulo de Juniores fui demitido por não inscrever o filho do bicheiro Ivo Noal, que estava ajudando o clube na época.Um dos treinadores que eu tive no Nacional,Vicente Arenari estava no Goytacaz de Campos, subiu o time para a primeira divisão do Rio de Janeiro, acertou um contrato mais vantajoso no Mato Grosso e me indicou para o seu lugar no Goitacaz.Foi o meu primeiro clube profissional.Ficamos em quarto lugar na Taça Guanabara,o Fluminense foi o campeão com o Claudio Garcia,o Flamengo o contratou para o segundo turno e o Fluminense me contratou para o seu lugar.Fui campeão carioca no meu primeiro ano de trabalho.Ai lembrei da ultima conversa com Ivo Noal depois que fui demitido no NacinalA.C. “Você não vai ser ninguém como treinador, você não tem jogo de cintura”.Eu respondi que concordava com ele, se for preciso isso, eu mudo de ramo.

7-Você sentiu muita dificuldade para ser técnico?È formado em técnico de futebol ou Educação Física?

Não! Nunca fiz curso de técnico e nem Educação Física, mas não senti dificuldade nenhuma.Eu fui mudando aos poucos,no inicio estava sempre junto dos jogadores e sempre procurei ser muito sincero,e queria reciprocidade,se algum jogador esta insatisfeito me procure e fale o que esta sentindo, eu tenho que ter argumentos pra dizer a ele porque não esta jogando.

8-Como foi parar no Fluminense?

Essa já respondi na numero seis.

9-Por que saiu do Fluminense quando estava prestes a ganhar o Campeonato Brasileiro de 1983?

-Corrigindo.Em 1983 fomos campeões carioca.Em 1984, em janeiro mudou toda a diretoria, eu antes de sair de ferias com a diretoria anterior, pedi a contratação de um lateral direito, e a minha preferência era o Edson Abobrão,quando voltei das ferias com a nova diretoria eles tinham contratado o Getulio, com 98 kilos.Os problemas com a nova diretoria começaram ai! Contrataram o Romerito,paraguaio que estava nos estados unidos sem me consultarem.E chegou um momento que não deu mais pra suportar.Eles achavam que tinha o poder de interferir na escalação do time,não tinham nenhuma experiência com futebol.Eu nunca quis mandar no clube,mas no time quem manda sou eu.Mas os jogadores ofereceram o titulo pra mim, ganhei ate a faixa de campeão,dada pelo Roupeiro Ximbica, ja falecido que Deus o tenha.Ai fui contratado pela Ponte Preta, onde fiquei 1 ano e 4 meses como treinador.

10-Como foi o trabalho no Palmeiras?

O Palmeiras foi ótimo para a minha carreira, foi o clube que mais respeitou o meu trabalho.O afastamento do Leão, do Eder,problemas com o Mirandinha, todo mundo acha que fui demitido depois da perda do titulo pra Inter, mas fui para o campeonato brasileiro,renovei o contratado no fim do ano e ainda disputei o paulista de 1987.

11-Me fale do fracasso contra a Inter de Limeira em 1986?O que faltou para o verdão sair vencedor?

Não considerei um fracasso,em futebol acontece muito isso.A Inter tinha um belo time,eliminou o Santos e nos eliminamos o Corinthians.Eu só lamento que o Wagner Bacharel não pode jogar a segunda partida.

12-Existia problemas no elenco do Palmeiras?

-Problemas normais,administraveis, como em todo clube.

13-Como foi parar no Al-Saad e como foi o trabalho lá?

Eu estava no Guarani, 1988, disputando o Campeonato Paulista e com um time excelente.O Ziza, ponta esquerda que jogou no Guarani,Atlético Mineiro, estava no Al Saad como preparador físico.(Esta la ate hoje) me ligou fazendo o convite.Marcamos um jantar em campinas e acertamos os detalhes.Teria que ir pra lá em agosto.Meu contrato com o Guarani era ate dezembro, conversei com o Beto Zini sobre a proposta, e como não havia nenhuma multa contratual ele concordou.Fomos para a final do campeonato com o Corinthians e infelizmente sofremos aquele gol do Viola na prorrogação.Em agosto embarquei para o Qatar.

14-Você sentiu muita dificuldade em sua primeira passagem como técnico fora do país?Me conte era a vida no Catar nesse ano e como era o futebol?

Sim, muita dificuldade.Primeira dificuldade a língua.O meu inglês era básico,a maioria dos árabes falam inglês,mas pra fazer uma preleção só com a ajuda do Ziza, que também servia de interprete.Cheguei num momento que a seleção do pais estava disputando amistosos se preparando para as eliminatórias da copa.Oito jogadores do Al Saad faziam parte da Seleção,os demais não vinham treinar.Eu fiquei uns dois meses dando treino pra quatro ou cinco jogadores.Outra dificuldade e decorar os nomes dos jogadores.Nos tínhamos um iraniano, muito habilidoso e quando perguntei ao Ziza o nome dele, ele disse que era Caxambu.Eu  sempre chamei ele assim, disse o Ziza.Ai eu disse que não era possível um Iraniano ter um nome desse.Pedi ao atleta para escrever seu nome, e ele escreveu Gassem Poor.Mas o time era muito bom.



15-Como foi o trabalho nos Emirados Árabes Unidos?Gostou de lá?

Gostei muito.Trabalhei no Sharjah SC,que leva o nome do Emirado.São 7 emirados, cada um com suas leis,Sharjah fica a dez Km. de Dubai.O time era muito bom, 9 jogadores da seleção que foi treinada pelo Parreira.Fomos campeões nas duas temporadas, 1993/1994 e 1994/1995 ganhamos a Liga e a Copa do Rei.Resolvi voltar ao Brasil, mesmo com eles insistindo pra eu ficar.Acabei voltando em 98,para fazer a renovação do grupo que envelheceu.O trabalho foi bastante difícil.

16-Por que ficou pouco tempo no Sporting Cristal e no Blooming?

No Sporting, porque o foco deles era a Libertadores,fomos desclassificados pelo River Plate.Mas fomos campeões Peruanos.

No Blooming foi bem mais difícil,em Santa Cruz de la Sierra,uma das poucas cidades ao nível do mar,tinha dois times fortes,Blooming e Oriente Petrolero.80 por cento dos jogos fora de casa, eram nas alturas.Nessas cidades nem os dirigentes iam com a delegação, ja sabiam que vitoria seria muito difícil.E alem do mais tive vários problemas com alguns jogadores.



17-Por que de alguns anos para cá você não anda recebendo mais oportunidades de trabalho no Brasil?

-No Brasil todo ano surgem novos treinadores,jogadores que param de jogar futebol e Preparadores Físicos que fazem o Curso, e ainda tem a idade, que para mim significa experiência e para muitos e estar ultrapassado.

18-Como foi o trabalho no Al-Merreikh do Sudão?Conquistou títulos?

-No Al Merreikh foi meio parecido com o Sporting o objetivo principal era a Copa da África, fomos desclassificados por um time da Tunísia, o Esperance,um time muito superior ao nosso,e fomos demitidos mesmo estando 6 pontos a frente do Al Hilal no campeonato Nacional.



19-Como conseguiu animar o time depois da morte de um atleta?

Foi um dia triste na minha carreira,nunca havia passado por isso,foi exatamente no dia 07/03/2010,onde jogávamos contra o Al-Amal,também daqui do Sudão, foi num lance de cobrança de falta lateral a nosso favor. Na hora, não deu para ver o que aconteceu, só que ele agachou e caiu. Quando veio a notícia de que o Idahor havia morrido, mais ou menos aos 40 minutos do primeiro tempo, a torcida invadiu o campo revoltada. Acabou o jogo. Achavam que ele havia levado uma cotovelada. Entraram com cadeira, pau e pedra. O time adversário correu para o vestiário. Mas teve um integrante da comissão técnica deles, acho que o preparador de goleiros, que levou uma cadeirada. Pensamos que ele tivesse morrido, ficou desacordado. Felizmente, isso não aconteceu. Mas foi um horror.

Quanto ao time,foi complicado,pois a diretoria queria levar o time para o Egito para esquecer um pouco da tragédia,e eu consegui fazer com que o time ficasse no Sudão e consegui animar o grupo falando que Idahor seria nosso 12º jogador em campo.

20- Por que ficou pouco tempo no Irã?

No Irã fiquei uma temporada.Era um time de Armênios, da segunda divisão,o único time Cristão e não aceitavam contratar jogador Muçulmano.Eram bem amadores,vou procurar uma foto minha lavando os coletes de treino em minha casa.O que valeu foi a experiência de ter conhecido o Iran quase todo.Principalmente Teerã.

21-Algo de inusitado ocorreu na sua carreira?

Inusitado pra mim.Foi a morte do Idahor,meu atacante Nigeriano durante um jogo do Al Merreikh.












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