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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

"De Cara a Cara"

Hoje nosso entrevistado é um dos grandes treinadores Brasileiros que trabalham no continente Africano, trata-se de Antônio Dumas, ex-jogador do Santos na época de Pelé, Bahia, Leônico, Olhanense e Chaves, ambos de Portugal.
Após encerrar a carreira de jogador, Dumas seguiu como técnico de futebol, onde trabalhou entre times de Sergipe e Bahia, mas foi na África onde obteve sucesso treinando a Seleção de Gabão, Togo onde participou do inicio de carreira do jogador Adebayor, Guiné Equatorial, ganhando a Copa Cemac contra Camarões, onde o presidente do país decretou até feriado naquela ocasião.
Em clubes na África trabalhou na Tunísia, Sudão e atualmente AL-Jazira da Líbia, Dumas fez também estágio no Barcelona, apesar de não ter recebido muitas oportunidades no Brasil Antônio Dumas é um grande técnico.

Nome: Antônio Dumas Ramalho Esteves
Nasceu: Santo André -SP- 28 de Novembro de 1955

Clubes como Jogador de Futebol:
XV de Piracicaba, Bahia, Leônico, Lagarto-Sergipe, Santos, Olhanense-Portugal, Chaves de Portugal e Lagarto.

Clubes como Técnico de Futebol:
Chaves-Portugal (1985), Lagarto(base)(1986), Lagarto(1987), Estanciano (1988), Maruinense (1989), Guarany-Sergipe (1989-1990), Itabaiana(1990), Olímpico(1991-1992/1994), Vasco da Gama-Sergipe(1993),Itabi(1995-1996), Lagarto(1997-1998), Seleção do Gabão (1998-2001), Seleção de São Tomé e Príncipe(2001),Seleção de Togo (2002-2005), Seleção de Guiné Equatorial (2005-2007), Atlético de Alagoinhas (2007-2008), Colo Colo-Bahia (2009), Atlético Gloriense-Sergipe (2010), Seleção da Síria(2010), Estanciano(2010), Socorrense-Sergipe(2011),Itaúna-Minas Gerais (2011), Al-Mowrada Club-Sudão(2011-2012), Racing-Luxemburgo(2012), As Gabes-Tunísia(2012), Al-Jazeera-Líbia(2013
Títulos:
Gabão- Copa Cemac(1999)
Guiné Equatorial- Copa Cemac (2006)
Guarany-Sergipano(1989)
Lagarto-Sergipano(1998)



“De Cara a Cara”
1-Como conseguiu virar jogador de futebol?
Sempre desde criança eu sonhava com bola, sonhava jogando no PACAEMBU, meu pai me conseguiu um cartão para treinar no CORINTHIANS, eu jogava no Palestra de São Bernardo tinha 13 anos, mas na peneira tinham mais de 100 garotos, tive um tempo de 10 minutos, peguei uma vez somente na bola, não passei, mas jogando pelo Palestra conta o XV de Piracicaba fui chamado para o XV de Piracicaba onde fiquei alguns anos.

2-Por quê não deu certo como jogador no Santos?
 Onde foi em lagarto que conheci minha amada esposa que era sobrinha de Fernando Oliva, que na época era vice-presidente  do Santos FC onde acabou me levando para lá.

3-Como foram as passagens por Bahia e Leônico?    
Do XV de Piracicaba fui para o Bahia, onde  fui emprestado ao Leônico e  depois Lagarto.

4-Através de quem foi parar em Portugal?
Fui parar em Portugal após minha passagem pelo Santos FC onde recebi uma proposta de um empresário Português.

5-Fale de sua bela passagem pelo Olhanense e Chaves de Portugal?
Em Portugal foram ao todo 8 anos entre esses dois clubes, onde tive uma passagem marcante, até hoje sou lembrado por torcedores do Olhanense e Chaves.

6-O que te levou a se aposentar do futebol, depois da aposentadoria você chegou a cursar Educação Física ou técnico de futebol?
Voltei ao Brasil ainda para encerrar minha carreira em Lagarto-Sergipe, e já era a hora da aposentadoria como jogador.
Possuo certificado da FIFA como treinador de futebol. Fiz estágio no Barcelona com Pepe Guardiola, sou adepto do futebol que trabalha Pepe Guardiola, hoje no Bayer, trabalho no mesmo estilo, e tenho sonho de um dia aplicar isso no Brasil, apesar de não ser conhecido no Brasil, mas tenho uma experiência maravilhosa que de certeza poderei muito bem passar para um clube onde eu for atuar no futebol brasileiro, já estou pode se dizer cansado de estar no exterior, tem grandes coisas do futebol moderno sou totalmente atualizado no futebol total  e vejo pela TV os clubes brasileiros ainda jogam naquele futebol antigo, veja a dificuldade do Atlético de Minas contra o simples Raja Casablanca, aqui na Líbia, Tunísia, Marrocos, Golfo Arábico, praticamos o futebol total, que pode ter certeza desta forma que vai o futebol brasileiro vai ser engolido pelo futebol toal que se pratica hoje na Europa e principalmente no mundo Árabe, onde estou trabalhando atualmente, mas eu trabalho com que aprendi de Pepe Guardiola, pra mim um dos maiores treinadores do mundo. Poderei com certeza  ensinar muito o que aprendi no exterior e levar meu trabalho do futebol total para um clube brasileiro, com certeza absoluta vamos ter muito sucessos asseguro, mas depende, pois infelizmente os presidentes do futebol Brasileiro se preocupam muito mais com nomes de treinadores do que a competência do treinador, infelizmente assim no Brasil, mas tenho esperança de ainda poder passar por  grandes coisas que aprendi para o futebol do país que amo , o Brasil.


7-Fale de seu começo como técnico no Chaves de Portugal?
No Chaves eu havia me machucado, e então me convidaram para treinar os juniores da equipe enquanto não voltava a jogar por conta da lesão.
Diante disso, trabalhei primeiro no Brasil nos juniores do Lagarto onde nos sagramos campeões e após o título fui convidado a ser o treinador profissional desta equipe.
8-Por quê sua carreira de treinador no Brasil ficou mais centrada em Sergipe fazendo com que você fixasse residência por lá?
Lagarto, cidade de minha esposa (dizem que quem bebe água daquela cidade não sai mais de lá) fixei moradia lá(sou de Santo André- SP) mas minha residência hoje é em Lagarto.

9-Como foi parar no Gabão?
Fui por intermédio de um empresário Português Antônio Campos, fui para Seleção Nacional do Gabão, onde acabei trabalhando 10 anos na África, depois Seleção do Togo, e Guiné Equatorial, onde treinei jogadores como Emmanuel Adebayor, Daniel Coisin, Rodolfo Bodipo (La Corunha) Moustapha Salufou (Aston Villa) Benjamin Zarandona ( Betis de Sevilla ) e por ai a fora.
10-Fale da estrutura do país naquela época, das três semanas que teve para aprender o Francês e o que motivou a aceitar esse desafio?
Gabão, excelente estrutura, cheguei sem falar Francês nem uma só palavra, mas me conseguiram uma professora e 3 meses eu já falava um pouco de Francês, tive que me esforçar muito (dia e noite de estudos) e consegui (hoje domino quase 100% do Francês (escrevendo e falando ah ah ah TRÈS bien. merci.

11-Como foi disputar a CAN de 2000 pelo Gabão e o porquê de sua saída?
A CAN foi uma excelente experiência para o Gabão, que na ocasião tinha um time muito local, poucos jogadores jogavam fora do pais, eu trouxe na ocasião Daniel Coisin que jogava na França (está ate hoje na seleção). Depois de 3 anos de contrato não houve acordo de reforma, tive convites de outros países para dirigir seleções e acabei saindo, mas minha amizade no Gabão até hoje tem um laço de amigos maravilhosos.
Na ocasião estivemos em estágio no Brasil com o Gabão 2 vezes, para dar experiência a seleção, primeira vez no Rio de Janeiro, ficamos no Centro de Zico, jogamos contra Flamengo, CFZ - Zico, Fluminense, Friburguense, treinamos também no Centro de Treinamentos da CBF, isso tudo foi dando experiência a seleção, no segundo ano ficamos em São Paulo no CT de Jose Roberto Guimarães em Barueri.  Jogamos contra Barueri (ganhamos 5 - 0 ) contra Osasco, ganhamos 3 - 1, contra Corinthians foi 0 - 0 o time que acabou ganhando a primeira Copa de Clubes Mundial, contra Santos, perdemos 2 - 0 lá na Vila, Contra Linense, contra Nacional, chegávamos a fazer 2 jogos por semana, tudo isso deu muita experiência a seleção, Hoje o nível do Gabão está bem melhor, pois formamos uma excelente base.

12-Qual foi o motivo que fez você ficar pouco tempo em São Tomé e Príncipe?
Não em 2001, sai do Gabão, fui a São Tomé e Príncipe negociar, mas não houve acordo final, vim para o Brasil e recebi um telefone do diretor de futebol da seleção do Togo chegamos ao acordo e ele me enviou a passagem e fui para o Togo.
Em  São Tomé  enquanto negociava ainda por consideração ao presidente Dende da Federação de Futebol que é um grande amigo meu, ainda dirigi a seleção num jogo mesmo contra o Gabão em São Tomé onde houve empate de 1 - 1 - mas depois não deu para continuar, o presidente Dende meu amigo me entendeu. Ainda fui para o Brasil prometi pensar, mas no Brasil resolvi que não voltaria mais, foi quando recebi telefonema do Togo.

13-Como foi parar em Togo e porquê fez o processo de naturalização de jogadores Brasileiros, porquê não deu certo?
Fui para o Togo a convite do presidente da Federação de Futebol do Togo o mesmo me solicitou possibilidades de poder levar jogadores, ele insistiu que acabei apresentando, vieram jogadores que depois eu mesmo não os aprovei, mas tudo a pedido do presidente que insistiu em jogadores do Brasil.
Sobre minha saída, quando eu fui para Guine Equatorial, eu ainda no TOGO o presidente Bonifácio Manga, já havia me convidado e me fez uma proposta 10 vezes maior que do Togo, o  presidente Bonifácio da Federação de Guiné Equatorial chegou me enviar uma passagem para eu ir de Lomé do Togo para Guiné Equatorial, mas eu disse não pode ser assim, pois o último jogo que fiz pelo Togo foi mesmo contra Guiné Equatorial pelas eliminatórias do Mundial, se Togo ganhasse estaria classificado, ganhamos 2 -0 então ai eu disse ao presidente Gassimba do Togo, que iria pra Guiné Equatorial, fui ao Brasil e depois para Guiné Equatorial, a Guiné Equatorial me enviou o contrato pronto e assinei no Brasil e depois viajei  para Malabo.

14-Dumas, como é sua relação com o jogador Adebayor e como foi a ajuda que deu para ele?
Um amigo, mas a ajuda foi dele mesmo com o grande futebol  que o projetou, eu apenas trabalhei ele em detalhes do futebol, mas quem venceu foi o futebol que ele praticou.

15-Como foi a conquista da Copa Cemac por Guiné Equatorial?
A Copa Cemac  para Guiné Equatorial foi até hoje o único título que conseguiram no futebol, para mim  foi maravilhoso, pois ser campeão é sempre nosso objetivo no futebol e então quando conseguimos, isso torna-se esplêndido, fui campeão da CEMAC por 2 países, primeiro Gabão em 1999 e  Guiné Equatorial 2006.

16-Disserte sobre sua passagem pelo El Mourada do Sudão?
Para mim foi muito boa, fui contratado pois o time estava para cair em 2012, em penúltimo lugar, levamos para o sétimo, e não caiu, o presidente Ismael uma das melhores pessoas que conheci dentro do futebol como a vice-presidente madame Hanane, pessoas muito sérias, mas tive apenas que fazer minha parte ali e sai. Assim  é  O FUTEBOL.

17-Qual foi o motivo que te fez ficar pouco tempo no Racing e como é a linda Luxemburgo?
Meu salário no Racing Luxemburgo era apenas 3 mil dólares, também os jogadores todos trabalhavam o  dia todo e treinos somente 3 vezes por semana, então veio o convite do As Gabes, muito mais interessante.

18-Fale dos bons resultados que obteve na Tunísia, como foi trabalhar nesse lindo país e porquê seu trabalho não teve continuação?
Fui então para a Tunísia me prometeram as luvas assim que eu chegasse no aeroporto, mas infelizmente foram adiando os dias e nunca deram as luvas prometidas. Trabalhei, fiz minha função mas infelizmente o presidente não cumpria com sua palavra, então porque estar fora de meu pais sem receber o contrato como combinado e assinado, apesar de eu gostar do time, tomei a iniciativa de pegar o avião e voltar para o Brasil, mesmo assim ficamos conversando eu no Brasil e o presidente na Tunísia que disse volta e acertaremos e eu dizia manda o dinheiro que vou, mas acabou esfriando tudo e não voltei.

19-Qual foi o motivo que te fez sair do Hatta Club?
Hatta Club apenas buscamos fazer um contrato, mas tudo só ficou em conversa.

20-Como está atualmente no Al-Jazira da Líbia?
Agora estou muito contente com o trabalho aqui no Al Jazeera Club na Libia, mas tem um probleminha - a situação politica do pais, pode ter certeza de vez em quando inicia-se uns atentados, o último morreram mais de 80 pessoas, o país esteve em guerra recente, mas quanto ao trabalho vai tudo bem, lealdade total nos pagamentos, mas segundo dizem aqui, um campeonato que pode parar a qualquer momento se estourar de vez estes combates. Medo? lógico que da, mas tenho JESUS na minha frente, estou na luta na batalha. Sou guerreiro mas de trabalho.

21-Algo de inusitado ocorreu na sua carreira?
Muitas coisas boas e más na carreira, tudo normal, mas a coisa mais importante para mim foi a maior alegria que tive no mundo até hoje, eu ainda jogava futebol de Portugal em 1984, quando tive um encontro com JESUS CRISTO dali minha vida mudou totalmente e passei a ser um dos homens mais felizes do mundo (foi em Portugal quando jogava ainda ali).

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