Hoje o entrevistado é um treinador muito experiente, trata-se de Neider dos Santos, que trabalhou no Vasco, Botafogo, Mundo Árabe e com passagens por seleções do Caribe, como Ilhas Cayman, Guiana e Bahamas, onde realizou grandes trabalhos e contribuiu para a evolução do futebol nesses pequenos países.
O último clube em que o treinador trabalhou foi o Montego Bay da Jamaica em 2011/2012, atualmente Neider é professor do Curso de Formação de Treinadores da FERJ.
Confira a entrevista do treinador onde conta sobre suas passagens pelo Mundo Árabe, Caribe e Tanzânia, onde comandou um dos principais clubes do país, o Simba FC, vale a pena conferir:
O último clube em que o treinador trabalhou foi o Montego Bay da Jamaica em 2011/2012, atualmente Neider é professor do Curso de Formação de Treinadores da FERJ.
Confira a entrevista do treinador onde conta sobre suas passagens pelo Mundo Árabe, Caribe e Tanzânia, onde comandou um dos principais clubes do país, o Simba FC, vale a pena conferir:
Nome: Neider Carvalho
Colmerauer dos Santos
Nascimento: 22/02/1965
Clubes:
Projeto Futebol
Esperança-SUB20(1988-1991), Ceres-RJ(1989), Vasco da Gama (Observador Técnico)
(1990), Mesquita (1992-1993), Barra da Tijuca(1994), Botafogo(1995), Al-Alhi
Doha-Catar (1995-1996),Al-Naser Club Salalah-Omã (1997-1998),Union
Berlim-(Projeto de Intercâmbio Brasil/Alemanha) (1998-1999),Seleção de Ilhas
Cayman (2000-2001), Bodden Town Sport Clube-Ilhas Cayman(2000),Seleção de
Guiana(2002-2004), Simba-Tanzânia(2006), Seleção de Bahamas(2006-2008),
Azam-Tanzânia(2008-2009),Village United-Jamaica(2010-2011), Montego
Bay(2011-2012).
Títulos:
Al-Nasser
Club-Omã-Campeão Nacional(1997/1998)
Al-Alhi- Federation
Cup(1995/1996) / Chababe Cup(1995/1996).
“De Cara a Cara”
1-Neider, no final da
década de 1980 você era atleta da
Universidade do Rio de Janeiro, você já tinha em mente largar o futebol na
Universidade para trabalhar como técnico no campo?
Em 1985 entrei para
Educação Física na UFRJ, onde fui atleta de futebol de campo até 1991, tendo
sido convocado para seleção carioca em 1988 e 1989. Sempre fui envolvido com
futebol, e já tinha como objetivo me tornar técnico sim.
2-Antes do trabalho no
Ceres você treinou o sub20 do Projeto Esperança, coordenado por Humberto Rêdes.
Como conheceu o ex-jogador e fale sobre o projeto?
Humberto Rêdes foi meu
professor das disciplinas Futebol 1 e 2 na faculdade, e por ocasião da
implementação do Projeto Futebol Esperança na UFRJ ele me convidou para fazer
parte do mesmo. Este foi um projeto pioneiro e de grande sucesso. Usávamos o
campo da UFRJ na Praia Vermelha, e tínhamos categorias sub 20, sub 17, sub 15 e
sub 13. As comissões Técnicas eram formadas por alunos/monitores da UFRJ. Cada
categoria treinava 3 vezes por semana, e ainda fazíamos amistosos contra
equipes de clubes nas respectivas categorias. Vários jogadores do
projeto conseguiram a chance de se profissionalizar, inclusive 1 deles foi
jogar no Japão. Infelizmente por problemas políticos internos da UFRJ, o
projeto acabou. Foi uma experiência valiosíssima na minha formação de
treinador, ainda mais contando com a supervisão de uma pessoa do calibre de
Humberto Rêdes, que além de atleta profissional de alto nível que foi, é também
Doutor em Educação Física e administrador formado, além da experiência como
técnico e gerente de futebol.
3-No Ceres você atuou na
elaboração do planejamento da preparação física e tática. Como era feito esse
trabalho e por quê saiu do clube?
No Ceres, nos foi pedido
para realizarmos um projeto de planejamento do futebol do clube, esse trabalho
foi feito e entregue à direção para implantação, já que o Ceres não tinha recursos financeiros para
contratar uma equipe de trabalho multidisciplinar, portanto nosso trabalho se
resumiu ao projeto de planejamento.
4-Você teve grandes
experiências na África e no Caribe, por quê técnicos Brasileiros não possuem
muita chance na Europa?
Penso que os treinadores
Brasileiros estão entre os melhores do Mundo. Porém na Europa, por terem também
técnicos de alto nível, acaba sendo mais simples contratarem um Europeu. Existe
também a barreira da língua que pode atrapalhar em alguns casos.
5-No Vasco trabalhou de
Márcio Máximo na observação técnica, que faz todo o levantamento do adversário
ou da própria equipe.
Como era feito todo esse
trabalho e o que evoluiu nele nos dias atuais?
Esse trabalho de
observação técnica feito no Sub 20 do
Vasco da Gama foi pioneiro na época. Cada um de nós (éramos 12) ficava
responsável por acompanhar um adversário do Vasco, então tínhamos que ir aos
jogos desta equipe e preencher um relatório para cada jogo, com escalação,
substituições, sistema de jogo, principais jogadas ofensivas, tipos de
marcação, jogadas ensaiadas, pontos fortes, pontos fracos e observações gerais.
Era um relatório bem detalhado que era passado ao treinador do Vasco. No dia do
jogo contra esse adversário que você era responsável pela observação, tínhamos uma reunião com o treinador para
passar um resumo de toda a observação daquele adversário, e esclarecer alguma
questão que o técnico viesse a ter, sobre algo dos relatórios. Então, depois
desse encontro o técnico ia dar a preleção aos jogadores.
Já nos dias atuais, é
tudo bem mais fácil devido à tecnologia existente, como vídeos, edições e
programas de computadores que te auxiliam a ter conhecimento do adversário
assim como avaliar o desempenho da sua própria equipe.
6-Fale de sua pequena
passagem pelo Botafogo em 1995?
Em 1995 o Gerente de
Futebol Amador do Botafogo era Humberto Redes, e ele me convidou para ser o
responsável pela avaliação dos jogadores em experiência nos Juniores. Porém
fiquei pouco tempo, pois recebi proposta
para trabalhar no Qatar.
7-Na década de 1980 e
1990 houve uma demanda grande de Brasileiros para trabalhar no Mundo Árabe, que
na época estava começando a crescer financeiramente, o que motivava o
profissional ir parar lá, era só o lado financeiro, as premiações ou a vida no
país?
Na verdade ir para o
Oriente Médio significava, além de uma boa remuneração, também experiência
profissional. Claro que o fator cultural também contava, vivenciar uma cultura
tão distinta da nossa, tanto dentro como fora do campo te acrescenta muito na
sua formação profissional.
8-Em 1997/1998 fez um
grande trabalho em Omã, se tornando Campeão Nacional. O que fez você sair do
clube?
A temporada de 1997/1998
em Omã foi muito especial, até porque foi a minha primeira como treinador
principal, e conseguimos fazer um grande trabalho sendo campeões da liga com 3
rodadas de antecipação. Apesar disso não houve um consenso na parte financeira
para a renovação.
9-Depois do projeto com
o Union Berlim você seguiu para Ilhas Cayman. Como era a estrutura do futebol
no país, seu trabalho na seleção e sua passagem pelo Bodden Town?
As Ilhas Cayman é um
país bem pequeno e de população reduzida. Estavam num processo de estruturação
do futebol. Eu era assistente do Márcio Máximo no time principal e dirigia o
Sub 20. Depois fui contratado para ser o treinador do principal do Bodden Town
F.C. onde fiquei por 1 temporada. Mas a estrutura do clube era bem precária,
não dando assim condições de realizar um trabalho de excelência.
10-Quando saiu de Ilhas
Cayman e foi para a Guiana, você chegou a receber a proposta mais tarde para
trabalhar com o Márcio na Escócia?
Não. Não recebi proposta
para trabalhar com o Márcio Máximo na Escócia.
11-A Guiana é um país
que é fanática pelo futebol Brasileiro, inclusive tem um clube que se chama
Pelé FC. Neider, como é a estrutura do país em relação à vida,
futebol(clubes/jogadores) e por quê saiu de lá?
A Guiana é um país
apaixonado pelo futebol Brasileiro. Cheguei lá com a missão de desenvolver o
futebol. Os clubes não tinham uma boa estrutura, mas o material humano estava
lá. Tínhamos um Pré- Olímpico pela frente, então, devido à falta de estrutura
dos clubes, eu selecionei 26 jogadores sub 23, os tirei dos clubes e os
coloquei concentrados num total 8 meses entre o início da preparação até nossa
última participação, tendo nesse período 1 folga por semana. Treinos diários e
muitas vezes em 2 períodos. A média de idade da equipe era de 19 anos, portanto
era um time bem jovem. O resultado foi fantástico!. A equipe se classificou
pela primeira vez para a fase CONCACAF do Pré-Olímpico, vencendo Santa Lúcia,
Trinidad & Tobago e Barbados nesse processo, todos estes com mais tradição
e melhor ranking FIFA do que a Guiana. Durante a preparação jogamos vários
amistosos contra os times principais dos melhores clubes da Guiana e vencemos
todos.
Dessa equipe, vários
jogadores conseguiram assinar bons contratos fora da Guiana. E para minha
satisfação, essa equipe Sub 23 que formei e dirigi, foi a base da seleção
principal da Guiana que se classificou pela primeira vez para o hexagonal final
da CONCACAF nas últimas Eliminatórias para a Copa do Mundo no Brasil.
Sai da Guiana porque
depois de 3 anos trabalhando lá, era hora de tentar novos desafios.
12-Como foram suas duas
passagens pelo futebol da Tanzânia, no Simba e no Azam?
Neider dirigindo o Simba da Tanzânia. |
A Tanzânia é um país
fanático por futebol. Existem lá 2 times de massa, Simba e Young Africans
(Yanga) onde a rivalidade entre seus torcedores só é comparada aqui no Brasil a
Grêmio x Internacional. Fui dirigir o Simba em 2006 e fomos Vice Campeões da
Premier League e Vice Campeões da Tusker International Cup. Fiquei lá por 1
temporada, e é um país que vive e respira futebol. Saí porque houve eleições no
clube no final da temporada e a oposição ganhou, quem pagava meus salários era
um patrocinador que não quis continuar no clube devido ao resultado das
eleições. Além disso eu tinha recebido proposta para assumir a Seleção de
Bahamas e resolvi aceitar, devido a instabilidade política do Simba naquele
momento.
Já o Azam era um clube
que em 2008 havia galgado a Premier League, e me fez uma proposta muito boa
para que eu deixasse a seleção de Bahamas. Azam é um clube que pertence a uma
família de empresários muito bem sucedida tanto na Tanzânia como na África.
Cheguei com o campeonato já em andamento, e o clube precisava de reforços, pois
estava praticamente com o mesmo time que havia subido de divisão, o que não era
suficiente para fazer uma boa temporada. Mas conseguimos fazer um bom trabalho.
13- Fale de sua passagem
pela Seleção de Bahamas?
Bahamas era uma situação
bem semelhante às Ilhas Cayman, só que melhor estruturados. Também tínhamos um
Pré- Olímpico (Sub 23) pela frente em 2007, e trabalhamos duro para formar uma
boa equipe. Passamos bem da primeira fase vencendo Ilhas Virgens Britânicas por
3x0 e Ilhas Virgens Americanas por 6x1. Na segunda fase, jogada no Haiti,
depois de perdermos o primeiro jogo para os donos da casa, vencemos a Jamaica
Sub 23 por 1x0, numa vitória histórica, pois pela primeira vez Bahamas vencia a
Jamaica em qualquer categoria. O time Sub 23 da Jamaica era o mesmo que alguns
dias antes de nos enfrentar, foi Vice- Campeão dos Jogos Pan Americanos no Rio
de Janeiro. Já na equipe principal, jogamos as eliminatórias da Copa da África
do Sul, vencendo as Ilhas Virgens Britânicas e perdendo para a Jamaica de Renê
Simões.
14-Atualmente, além dos
cursos que ministra para a Federação e o trabalho na Secretaria de Esporte,
você recebe propostas para voltar a trabalhar no Caribe?
Hoje em dia ainda recebo
algumas propostas do Caribe, mas depois de ter dirigido o Village United
(2010/2011) e o Montego Bay United (2011/2012) ambos clubes da Premier League
da Jamaica, quis ficar um pouco no Brasil. Em 2013 o St George da Etiópia me
convidou para visitar o clube em Addis Abeba e me fizeram uma proposta, mas não
houve acerto.
Ele é ótimo futebolista, professor, muita atenção e dedicação aos seus alunos e amigo.
ResponderExcluirUma pessoa do bem e super educado, pronto pra ajudar em tudo.
Sinto-me orgulhoso de ser seu aluno na FERJ.
Me inspira na realização de meu sonho, agora, ser treinador formado.
Parabens pra Ele e para mim também.
Valeu prof.
Abrç.
Julio Cesar ANDRADE.