Nome:Carlos Roberto
Ferreira Cabral
Nasceu:2 de janeiro de 1945-67 anos
Local de nascimento;Santos-São Paulo
Clubes como jogador de Futebol:
Santos(1961-1963),São
Bento(1964),Bangu(1964-1967),Fluminense(1967),Palmeiras(1968-1971),Flamengo(1971),Jalisco-México(1972-1974).
Títulos:
Santos-Libertadores
(1962 e 1963),Mundial interclubes(1962-1963),
Bangu-Carioca(1966)
Palmeiras-Roberto
Gomes Pedrosa(1969).
Carreira como Técnico
de Futebol:
Jalisco(1974 como
auxiliar técnico),São Bento(1983-1984),Equipe juvenil do Al-Arabi(1984/1985 e
2003/2004),Seleção Sub17 do Catar(1985),Al-Shammal-CAT(1988),Seleção do
Catar(1988-1989),Santos(1991,1995,2001),Al-Rayyan-CAT(1994),Santos(time de
juniores em 1984),Goiás(1996),Atlético
Paranaense(2000),Al-Qadisiyah-ARA(1997),América-MG,Figueirense,Santa
Helena-GO,Mogi Mirim,Portuguesa
Santista,Zamalek-EGITO(2001-2005/2007),Esperance
Tunis-Tunisia(2007/2008),Ettehad Club de Alexandria-Egito(2008-2010).
Títulos como
treinador:
Zamalek:Supercopa
do Egito(2001/2002),Campeonato Egípicio(2002/2003),Liga dos Campeões da
Àfrica(2002),Supercopa Africana(2003).
Esperance
Tunis-Copa da Tunisia(2008)
Santos-Copa São
Paulo de Juniores(1984).
De Cara a Cara
1-Como foi seu
começo no Santos?
Como
todo menino sonhador, com treze anos, um dia tomei coragem e enfrentei uma
¨peneira¨, no infantil do Santos F.C, levado por um amigo da família e fui
aprovado.
2-Me fale como foi entrar em uma semi-final de Libertadorese por qual motivo você acha que seu nome não estava no mural dos Campeões da Libertadores de 1962 e 1963?
Depois de três anos jogando no infantil, certo dia o treinador Luis Alonso Peres, o ¨Lula¨, selecionou-me para treinar junto com o time de profissionais.
2-Me fale como foi entrar em uma semi-final de Libertadorese por qual motivo você acha que seu nome não estava no mural dos Campeões da Libertadores de 1962 e 1963?
Depois de três anos jogando no infantil, certo dia o treinador Luis Alonso Peres, o ¨Lula¨, selecionou-me para treinar junto com o time de profissionais.
Terminado
o treinamento, êle chamou-me e pediu que trouxesse o meu pai, no dia seguinte,
para falar com êle. Resultado : assinei o meu primeiro contrato
profissional
(de
¨gaveta¨). Mais tarde e após alguns jogos amistosos com a equipe
principal, já com dezessete anos, fui escalado para substituir o ¨Rei¨ Pelé no
jôgo contra o Universidad Católica, do Chile, pela ¨Copa Libertadores¨, em 1962
(o Pelé havia retornado machucado da Copa do Mundo, daquele ano).
3-Por que ficou pouco tempo no São Bento após ter ido tão bem nesse
clube/
Bem,
como atleta, joguei duas temporadas (62/63) e fui Campeão, na primeira. Como
treinador, dois dias após a minha estréia contra a Ponte Preta, em Sorocaba,
recebi um convite do Qatar e trabalhei, apenas, três mêses, abrindo mão dos
meus salãrios mensais, até quando chegassem as passagens.
4-Por que passou pouco tempo nos Estados Unidos?
Nos Estados Unidos, apenas, estive jogando com o Bangu A.C./RJ, numa excursão com duração de 50 dias. Em uma outra ocasião, sómente, à passeio. Mas jogando em clube norte americano e/ou trabalhando como Treinador, não.
4-Por que passou pouco tempo nos Estados Unidos?
Nos Estados Unidos, apenas, estive jogando com o Bangu A.C./RJ, numa excursão com duração de 50 dias. Em uma outra ocasião, sómente, à passeio. Mas jogando em clube norte americano e/ou trabalhando como Treinador, não.
5-Fale do título carioca do Bangu em 1966?
Foi
uma sensação única, mesmo. Afinal de contas, foi o único título conquistado na
história profissional do Bangu A.C. em mais de 100 anos. E vencer, justamente,
nada mais nada menos do que o grande Flamengo, naquela final do campeonato de
1966, não existe nada melhor ! Eram mais de 150 mil flamenguistas gritando
¨Mengo!¨..., ¨Mengo!¨ ! e alguns poucos banguenses, que nós sabíamos que
estavam lá mas nós não os ouvíamos ! E o jôgo terminou, sómente, Bangu 3 X 0
Flamengo porque os nossos adversários, aos vinte minutos do segundo tempo,
criaram uma ¨briga generalizada¨, onde foram expulsos cinco jogadores do
Flamengo e quatro do Bangu. Com esse número de jogadores, pela regra, ¨que é
clara¨ (como diria hoje um ex-árbitro e atual comentarista de árbitros), o
Flamengo não pode continuar o jôgo e o Bangu foi decretado Campeão. Penso que foi
melhor assim, prá eles, porque se continuassem jogando até o final da partida,
provavelmente, sofreriam mais gols do ¨Banguzinho¨ ou ¨Mulatinhos Rosados¨,
como éramos chamados. Foi uma conquista maravilhosa e que me dá muito orgulho,
até hoje.
6-Como foi parar no Palmeiras e como foi o tempo de clube/
Pois é..., uma ano após aquela conquista eu saí do Bangu e fui para o Fluminense, em troca com o, tb meia atacante, Mario (pai de Mario ¨Tilico¨, ex-São Paulo e outros).
Pois é..., uma ano após aquela conquista eu saí do Bangu e fui para o Fluminense, em troca com o, tb meia atacante, Mario (pai de Mario ¨Tilico¨, ex-São Paulo e outros).
Na
minha estrèia, num Fla X Flu, no último minuto do jôgo, sofri uma queda e tive
uma complicada fratura da clavícula direita. Fiquei três mêses inativo.
Retornei contra o Vasco da Gama, numa quarta-feira, à noite, no mesmo Maracanã.
No domingo subsequente, novo Fla X Flu e novamente, sofri outra séria contusão,
nos minutos finais daquela partida, numa entrada maldosa do lateral
esquerdo do Flamengo, Rodrigues Neto (com quem vim, depois, jogar no próprio
Flamengo, em 1971, no Campeonato Brasileiro) e fiquei, novamente, mais
outros três mêses parado, quase, tendo de submeter-me à uma cirurgia do
tornozelo direito. Em vista dessas duas contusões, senti que o clube das
¨Laranjeiras¨ não seria o meu lugar. No início de 1968, depois de uma excursão
de trinta dias, pelo norte e nordeste do Brasil (Graças à Deus, sem contusão),
chegou a S. E. Palmeiras. Eu fui, sem discutir a parte financeira e até,
ganhando menos do que eu ganhava no Fluminense.
7-Como foi jogar ao lado de Ademir da Guia?
Jogar ao lado de Pelé e/ou de Ademir da Guia, ser reserva deles ou apenas, assistí-los jogar de perto, já foi, para mim, um privilégio e um grande e delicioso aprendizado.
Jogar ao lado de Pelé e/ou de Ademir da Guia, ser reserva deles ou apenas, assistí-los jogar de perto, já foi, para mim, um privilégio e um grande e delicioso aprendizado.
8-Com quantos anos encerrou a carreira de jogador e me fale de como foi
acompanhar o começo da carreira de Zico?
Encerrei a minha carreira precocemente, em 1974, aos 29 anos e em razão de uma cirurgia de coluna à qual tive de submeter-me, quando jogava no México (lesão essa, sofrida quando, ainda, jogava no Palmeiras, em 1970, exatamente num jôgo contra o Santos F. C., no Parque Antártica. Só fui saber da extensão e gravidade dessa contusão, dois anos depois, no México).
Encerrei a minha carreira precocemente, em 1974, aos 29 anos e em razão de uma cirurgia de coluna à qual tive de submeter-me, quando jogava no México (lesão essa, sofrida quando, ainda, jogava no Palmeiras, em 1970, exatamente num jôgo contra o Santos F. C., no Parque Antártica. Só fui saber da extensão e gravidade dessa contusão, dois anos depois, no México).
9-Cabralzinho,qual a diferença dos jogadores de antigamente para os
jogadores de agora?
A diferença não está nos jogadores mas sim no futebol. Antes, com estádios menores e consequentemente, menos público, para se conseguir o rótulo de ¨crack¨, principalmente, sem a televisão e mais agora as rêdes sociais na Internet, tinha-se de ir para o campo e mostrar isso, pois era o público presente que elegia o ¨crack¨ (vários), o bom (muitos), o médio (muitos mais), o jogador razoável e/ou o chamado ¨jogador grosso¨ (também, muitos). Hoje, com estádios bem maiores e consequentemente, com mais público (mas que ¨ouvem¨ o jôgo e não o assistem, até quando estão em suas próprias casas, porque ¨vale¨ o que dizem os narradores e não o que estão vendo) a grande influência da TV e da Internet, ajuda o marketing esportivo a eleger e sustentar o ¨crack¨(!?) com critérios dúbios de escolha mas sempre de acôrdo com seus interêsses particulares. Hoje em dia, também, já não existe mais todos esses níveis diferenciados de jogadores. Hoje, tudo foi reduzido à duas categorias, apenas : o ¨crack¨(muito poucos) foi elevado à ¨gênio¨ e qualquer jogador razoável passou à ser ¨crack¨ (mais por fôrça de seu empresário do que por sua produção em campo).
A diferença não está nos jogadores mas sim no futebol. Antes, com estádios menores e consequentemente, menos público, para se conseguir o rótulo de ¨crack¨, principalmente, sem a televisão e mais agora as rêdes sociais na Internet, tinha-se de ir para o campo e mostrar isso, pois era o público presente que elegia o ¨crack¨ (vários), o bom (muitos), o médio (muitos mais), o jogador razoável e/ou o chamado ¨jogador grosso¨ (também, muitos). Hoje, com estádios bem maiores e consequentemente, com mais público (mas que ¨ouvem¨ o jôgo e não o assistem, até quando estão em suas próprias casas, porque ¨vale¨ o que dizem os narradores e não o que estão vendo) a grande influência da TV e da Internet, ajuda o marketing esportivo a eleger e sustentar o ¨crack¨(!?) com critérios dúbios de escolha mas sempre de acôrdo com seus interêsses particulares. Hoje em dia, também, já não existe mais todos esses níveis diferenciados de jogadores. Hoje, tudo foi reduzido à duas categorias, apenas : o ¨crack¨(muito poucos) foi elevado à ¨gênio¨ e qualquer jogador razoável passou à ser ¨crack¨ (mais por fôrça de seu empresário do que por sua produção em campo).
Resumindo
: antes, valia a qualidade enxergada à ôlho nu, pelo público, sem outros
interêsses (e não torcidas organizadas), nos estádios. Hoje, a fôrça do
marketing escolhe ¨a bola da vez¨. Porque para o marketeiro (que nada entende
de futebol) o importante é o retôrno financeiro do ¨investimento¨ ou enganação
(haja vista, o trabalho do marketing nos resultados de eleições políticas, por
exemplo. O marketeiro, também, não entende de política como, aliás, a grande
maioria dos brasileiros).
10-Por que quis seguir a carreira de técnico?
Eu, já, pensava nisso, desde quando jogava. Por isso, simultâneamente, cursei a Faculdade de Educação Física de Santos (na UNIMES), fiz Pós-Graduação em Futebol e na sequência, Curso de Administração e Gerência Esportiva. Ou seja, dediquei alguns anos da minha vida qualificando-me para exercer uma profissão ou cargo (de muita responsabilidade) e onde, hoje, qualquer um pode exercer.
Eu, já, pensava nisso, desde quando jogava. Por isso, simultâneamente, cursei a Faculdade de Educação Física de Santos (na UNIMES), fiz Pós-Graduação em Futebol e na sequência, Curso de Administração e Gerência Esportiva. Ou seja, dediquei alguns anos da minha vida qualificando-me para exercer uma profissão ou cargo (de muita responsabilidade) e onde, hoje, qualquer um pode exercer.
INÍCIO
DA SEGUNDA PARTE
11-Me fale de seu trabalho como auxiliar técnico do Jalisco do México?
Quando continuei sentindo as mesmas dores e enfrentando os mesmos problemas clínicos, após a minha cirurgia de Coluna Vertebral, resolvi encerrar a minha carreira como jogador e antecipar o início da minha nova atividade como Preparador Físico e Auxiliar Técnico, já que tinha qualificação para aquilo. Por sorte, o ex-capitão da Seleção Brasileira, bi-Campeão Mundial, no Chile, o ¨gentleman¨ Mauro Ramos de Oliveira, um dos mais clássicos zagueiros e sem dúvida o mais elegante de todos que vi jogar, tinha acabado de chegar para ser o Treinador do Jalisco de Guadalajara, clube onde eu atuava. Conversando e explicando-lhe a situação, êle como já me conhecia (joguei com êle no Santos F.C., em meu início de carreira) aceitou-me imediatamente e deu-me todo o suporte necessário. Sem dúvida, foi uma excelente experiência e sólida base para a minha futura carreira de Treinador.
Quando continuei sentindo as mesmas dores e enfrentando os mesmos problemas clínicos, após a minha cirurgia de Coluna Vertebral, resolvi encerrar a minha carreira como jogador e antecipar o início da minha nova atividade como Preparador Físico e Auxiliar Técnico, já que tinha qualificação para aquilo. Por sorte, o ex-capitão da Seleção Brasileira, bi-Campeão Mundial, no Chile, o ¨gentleman¨ Mauro Ramos de Oliveira, um dos mais clássicos zagueiros e sem dúvida o mais elegante de todos que vi jogar, tinha acabado de chegar para ser o Treinador do Jalisco de Guadalajara, clube onde eu atuava. Conversando e explicando-lhe a situação, êle como já me conhecia (joguei com êle no Santos F.C., em meu início de carreira) aceitou-me imediatamente e deu-me todo o suporte necessário. Sem dúvida, foi uma excelente experiência e sólida base para a minha futura carreira de Treinador.
Paralelamente
às novas funções de Fisicultor e Auxiliar Técnico, no Club Jalisco, eu ainda
ministrava aulas de Educação Física, em um Colégio particular da bela cidade de
Guadalajara, Capital do Estado de Jalisco.
12-Qual foi o primeiro time árabe que comandou?Como era a vida no mundo
árabe nessa época?E sentiu dificuldades de adaptação?
A minha primeira experiência no mundo árabe, foi na bonita e acolhedora cidade de Doha, Capital do Qatar, no Gôlfo Pérsico, no final 1984. Sai da equipe profissional do São Bento, de Sorocaba, para ser o treinador, fisicultor, orientador, conselheiro, pai, irmão, amigo entre tantas outras coisas, dos jogadores juvenís do Al Arabi Sports Club (19 anos mais tarde, eu voltaria à este mesmo clube para dirigir o time principal que, naquela tempora de de 2003/2004, passou à contar, tb, com as estrêlas internacionais, o atacante goleador argentino Batistuta e o fantástico meio campista, ex-capitão do Bayern de Munich, o alemão Effemberg, além do excelente meia atacante, egípcio, Mohamed Barakat e do atacante, o quêniano David, que na temporada seguinte foi vendido ao futebol francês). Seis mêses depois, por indicação de Jose ¨Pepe¨Macia (com quem, tb, joguei no Santos F.C., no início de minha carreira), na época Treinador da Seleção de Juniores do Qatar e do Al Sadd Sports Club, da mesma cidade, fui chamado para dirigir a Seleção sub/17 do Qatar que iria disputar o Campeonato Mundia da categoria, na China. (retornando ao Qatar, de novo, em 1988 para dirigir o Al Shammal S.C., tb, fui convidado à dirirgir a Seleção Principal do Qatar, na Primeira Fase das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1990, na Italia. Foi quando, pela primeira vez na história do futebol daquele país, o Qatar venceu uma competição, de espetacular forma invícta, inclusive, conseguindo esse feito contra a fortíssima Seleção do Iraque, em plena Bagdáh (os outros participantes do Grupo 1, eram : Jordânia e Omam). No Qatar, também, trabalhei no Al Sadd (onde jogou Emerson ¨Sheik¨) e no Al Rayyan (onde, hoje, joga Nilmar). Ao todo, foram cinco muito felizes anos de Qatar, juntamente com minha esposa, Maria Lucia e minha filha, Mariana (hoje, mora na Suécia) que, tb, adoraram (ainda adoram e recentemente estiveram lá) esse pequenino mas riquíssimo país. A vida lá, é deliciosa : segurança total, conforto, beleza, tranquilidade, boa comida, bebida controlada, excelentes condições de trabalho (tanto nos clubes como nas Seleções) e apesar do calôr, no alto verão (mas geralmente, é época de férias do futebol), clima agradável durante a maior parte do ano, minha filha foi alfabetizada em escolas inglêsas, trabalha-se duas horas por dia e ainda se recebe em dólar, impecavelmente, em dia. Adaptação à quê !?
A minha primeira experiência no mundo árabe, foi na bonita e acolhedora cidade de Doha, Capital do Qatar, no Gôlfo Pérsico, no final 1984. Sai da equipe profissional do São Bento, de Sorocaba, para ser o treinador, fisicultor, orientador, conselheiro, pai, irmão, amigo entre tantas outras coisas, dos jogadores juvenís do Al Arabi Sports Club (19 anos mais tarde, eu voltaria à este mesmo clube para dirigir o time principal que, naquela tempora de de 2003/2004, passou à contar, tb, com as estrêlas internacionais, o atacante goleador argentino Batistuta e o fantástico meio campista, ex-capitão do Bayern de Munich, o alemão Effemberg, além do excelente meia atacante, egípcio, Mohamed Barakat e do atacante, o quêniano David, que na temporada seguinte foi vendido ao futebol francês). Seis mêses depois, por indicação de Jose ¨Pepe¨Macia (com quem, tb, joguei no Santos F.C., no início de minha carreira), na época Treinador da Seleção de Juniores do Qatar e do Al Sadd Sports Club, da mesma cidade, fui chamado para dirigir a Seleção sub/17 do Qatar que iria disputar o Campeonato Mundia da categoria, na China. (retornando ao Qatar, de novo, em 1988 para dirigir o Al Shammal S.C., tb, fui convidado à dirirgir a Seleção Principal do Qatar, na Primeira Fase das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1990, na Italia. Foi quando, pela primeira vez na história do futebol daquele país, o Qatar venceu uma competição, de espetacular forma invícta, inclusive, conseguindo esse feito contra a fortíssima Seleção do Iraque, em plena Bagdáh (os outros participantes do Grupo 1, eram : Jordânia e Omam). No Qatar, também, trabalhei no Al Sadd (onde jogou Emerson ¨Sheik¨) e no Al Rayyan (onde, hoje, joga Nilmar). Ao todo, foram cinco muito felizes anos de Qatar, juntamente com minha esposa, Maria Lucia e minha filha, Mariana (hoje, mora na Suécia) que, tb, adoraram (ainda adoram e recentemente estiveram lá) esse pequenino mas riquíssimo país. A vida lá, é deliciosa : segurança total, conforto, beleza, tranquilidade, boa comida, bebida controlada, excelentes condições de trabalho (tanto nos clubes como nas Seleções) e apesar do calôr, no alto verão (mas geralmente, é época de férias do futebol), clima agradável durante a maior parte do ano, minha filha foi alfabetizada em escolas inglêsas, trabalha-se duas horas por dia e ainda se recebe em dólar, impecavelmente, em dia. Adaptação à quê !?
Difícil,
é viver no Brasil, em todos os aspectos.
13-Cabralzinho,por que passou a trabalhar mais no mundo árabe e não no
Brasil?
Porque
lá o trabalho do Treinador é acompanhado de perto pelos dirigentes dos clubes e
Seleções (e não dirigentes torcedores). Mesmo sem conquistar títulos, existe o
respeito e o reconhecimento ao trabalho (quando existe, claro!). Lá,
¨enganação¨ não ¨vinga¨, não !!! Nada de ¨blá..., blá..., blá...¨,¨churrasco
para unir o grupo¨, ¨pagode¨, ¨rachão¨, ¨musas¨ ao redor do campo de
treinamento, torcida invadindo Centro de Treinamento ou ¨aquela¨ velha desculpa
muito usada quando determinados profissionais(!) são dispensados e chegam ao
Brasil dizendo que não se adaptaram à comida ou a esposa sentiu saudade do
cachorrinho ou do papagaio.... Não existem mais ¨bobos¨, em futebol, ao redor
do mundo. E os ¨sabidos¨(!)..., estão todos no Brasil.
Em
contra partida à tudo isso, para receber os meus direitos profissionais, nos
três últimos clubes em que trabalhei, no Brasil, tive de recorrer à Justiça do
Trabalho !
14-Como foi suas três passagens pelo Santos?Você acha que se tivesse
ganhado o Brasileiro de 1995 sua carreira teria outro rumo?
Foram quatro passagens e não três, se considerarmos a primeira, como Treinador dos Juniores (e onde pela única vez, na história do Clube, conquistou-se a Copa São Paulo de Futebol Junior e um mes depois, eu fui demitido). Mas todas, com todo o respeito e consideração à Entidade Santos F. C., decepcionantes. Em 1991, a diretoria do clube mal conseguia, por conveniência ou incompetência, locais para os treinamentos. Cito conveniência porque havia dirigente que se escondia nas sociais para ¨vigiar¨ (ou simplesmente, assistir sem ser visto) os treinamentos. Em 1995, nós ganhamos o Brasileiro sim, apenas, não o levamos para a Vila. Iniciei no comando daquela equipe, na quarta rodada daquele Brasileiro e com o Santos na penúltima colocação. A primeira vitória,
Foram quatro passagens e não três, se considerarmos a primeira, como Treinador dos Juniores (e onde pela única vez, na história do Clube, conquistou-se a Copa São Paulo de Futebol Junior e um mes depois, eu fui demitido). Mas todas, com todo o respeito e consideração à Entidade Santos F. C., decepcionantes. Em 1991, a diretoria do clube mal conseguia, por conveniência ou incompetência, locais para os treinamentos. Cito conveniência porque havia dirigente que se escondia nas sociais para ¨vigiar¨ (ou simplesmente, assistir sem ser visto) os treinamentos. Em 1995, nós ganhamos o Brasileiro sim, apenas, não o levamos para a Vila. Iniciei no comando daquela equipe, na quarta rodada daquele Brasileiro e com o Santos na penúltima colocação. A primeira vitória,
comigo
como treinador, já, foi na minha estréia. Mas mesmo assim, saí vaiado de campo.
E sem pedir que a diretoria contratasse nenhum jogador (apenas Vagner, meio
campista, veio emprestado e sem ônus para o clube, por oferta do próprio União,
de Araras), chegamos á final daquele Campeonato, em que fomos escancaradamente
prejudicados. Terminada aquela temporada, o meu contrato não foi renovado. Em
2001, assumi o time nos últimos quatros mêses do ano e no decorrer da
competição, pelos resultados não satisfatórios e principalmente por um elenco
problemático (não formado por mim), com jogadores vindo de cirurgia, outros com
a idade um pouco avançada e outros sem condições técnicas, sugeri à
diretoria que focassemos, já desde aquele momento, um planejamento para a
temporada seguinte. Com o ¨sinal verde¨ dado pela diretoria e o anúncio público
do dirigente maior da renovação do meu contrato para a próxima temporada,
preparei o plano, fui à São Pedro (no interior de São Paulo) analisei
hotéis,
reuni-me com a Prefeita da cidade que nos colocou à disposição o pequeno
Estádio Municipal e toda a estrutura necessária para uma pré-temporada. Como
eu, já, acompanhava, à medida do possível, a equipe júnior e juvenil em
treinamentos e jogos, sugerí à diretoria que, à partir do início do ano
seguinte, os jogadores Diego e Robinho
passassem
à treinar com a equipe profissional (já que, o atacante William eu, já, vinha
utilizando no grupo principal). Realizamos algumas reuniões, analisando a
permanência, dispensa e possível contratação de jogadores carentes no elenco.
Mas para a minha surprêsa, no dia 27 de dezembro de 2001 (quatro dias antes do
término do meu contrato),
fui
informado, pelo vice-presidente de futebol, dr. Norberto Moreira (meu velho e
particular amigo) e pelo gerente de futebol, à época, sr. Ilton José da Costa
(também, meu amigo), de que o meu contrato não seria mais renovado. O meu
Planejamento seguiu sendo usado, pois o que cito, acima, concretizou-se e
naquele ano o Santos F.C. conquistou, pela
primeira
vez, o título de Campeão Brasileiro da era atual, com Robinho e Diego que,
talvez, nem sabem quem fui eu ainda que, no mínimo indiretamente, na vida
dêles.
No
entanto, sou muito grato a atual Diretoria do Santos F.C., capitaneada pelo sr.
Luiz Alvaro O. Ribeiro que, após 49 anos, corrigiu uma falha histórica,
colocando o meu nome
que
faltava na placa comemorativa às duas primeiras conquistas das ¨Libertadores¨ e
Mundial Inter-Clubes, localizada ao lado do Memorial das Conquistas, no hall
dos elevadores, na Vila Belmiro.
Acredito
sim, que conquistando aquele título de 1995, a minha carreira poderia ter
tomado um outro rumo. Mas não reclamo disso porque, tempos depois, pude ir para
o Egito e lá, conquistar todos os títulos em uma só temporada (2002/2003).
E há dois ou três anos atrás, fui eleito, com 75% dos votos das torcidas
uniformizadas do Zamalek Sporing Club, do Cairo, time que dirigí em duas
ocasiões, o ¨Treinador do Século¨ e que, sómente, na primeira passagem, fato
inédito, fui o único treinador à conquistar todas as competições nacionais e
internacionais que aquele clube disputou naquela temporada e que, em fevereiro
de 2003, foi levado ao topo do ranking de clubes da FIFA, como o número 1
do mundo. Fato inédito no mundo árabe, no continente africano e nos anais
da própria FIFA.
15-Foi uma tática sua em não mandar o time para o intervalo em deixá-lo
em campo no jogo Santos x Botafogo?
Não, isso
foi uma idéia dos jogadores, ainda na concentração. Dependendo das
circunstâncias êles, então, fariam aquilo. Portanto, assim que terminou o
primeiro tempo eu, já, estava preparando-me para descer ao vestiário, quando o
capitão Gallo aproximou-se de mim e oficializou a solicitação e intenção dos
jogadores, o que concordei de imediato.
Aquela
simbiose, entre time e torcedores, foi perfeita e inesquecível. Aquela
atitude foi, também, um fato inédito no futebol brasileiro.
INÍCIO
DA TERCEIRA E ÚLTIMA PARTE
16-Por que o Santos não renovou seu contrato em 1996?
É uma boa pergunta mas que eu acho que deveria ser dirigida aos dirigentes do Santos F.C., da época.
É uma boa pergunta mas que eu acho que deveria ser dirigida aos dirigentes do Santos F.C., da época.
Justamente
por isso, é que ali, em cima, eu me refiro ao acompanhamento e respeito ao
trabalho do
treinador,
por parte dos diorigentes árabes. Depois daquela memorável campanha, onde o
time do Santos
mobilizou
todo o território nacional (exceto aos botafoguenses, lógico!), essa foi uma
atitude muito estranha por parte do clube.
Mas
a resposta foi dada, alguns dias antes daquela tão contestada decisão, por um
dos maiores comunicadores deste país, Fausto Silva, num almoço com amigos
em comum, em São Paulo : ¨ - .orrrrrra, meo, assim nenhum clube, quando
terminar o campeonato, vai te querer ! Vc não manda contratar nenhum jogador
!!! - ¨. Talvez, o Santos F.C. daquela época, deu esse primeiro exemplo, né !?
17-Por que ficou pouco tempo na Seleção do Qatar?
Eu já era o treinador do Al Shammal e sómente assumi aquela Seleção, interinamente, enquanto o campeonato local estava parado e à pedido (ou intimação) do Emir Sheik Hamad Bin Khalid Al Thani, a maior autoridade política daquele país (o dono do país, na realidade). Durante a competição em que estávamos participando, foi escolhido um outro treinador, inclusive, por mim mesmo indicado, por já ter passado por ali, anos atrás e não poder terminar o seu trabalho em razão de tumultos internos naquela Federação : Dino Sani, assumiu aquela Seleção. Mas na fase final, disputada em Cingapura, lamentavelmente, a Seleção não classificou-se para o Mundial da Italia, por um único ponto e um penalte desperdiçado.
Eu já era o treinador do Al Shammal e sómente assumi aquela Seleção, interinamente, enquanto o campeonato local estava parado e à pedido (ou intimação) do Emir Sheik Hamad Bin Khalid Al Thani, a maior autoridade política daquele país (o dono do país, na realidade). Durante a competição em que estávamos participando, foi escolhido um outro treinador, inclusive, por mim mesmo indicado, por já ter passado por ali, anos atrás e não poder terminar o seu trabalho em razão de tumultos internos naquela Federação : Dino Sani, assumiu aquela Seleção. Mas na fase final, disputada em Cingapura, lamentavelmente, a Seleção não classificou-se para o Mundial da Italia, por um único ponto e um penalte desperdiçado.
18-Como foi sua grande passagem pelo Zamalek?
Sem
sombra de dúvida, o maior feito de toda a minha carreira mas que teve muito
pouca divulgação no Brasil. Até hoje, dez anos depois, ainda, recebo através de
e-mails e redes sociais, todo o carinho, afeto, admiração, respeito,
consideração e declarações de amor eterno dos torcedores egípcios, independente
de preferências clubísticas.
19-Fale de seu
trabalho no Esperance Tunis?
Estive duas vêzes, numa mesma temporada, no Esperance de Tunis (ou Taragi, em árabe). Graças à um presidente idiota e vaidoso, fui demitido por êle, contrariando a opinião das torcidas, da imprensa e de seus próprios pares de diretoria, nessas duas vêzes e em tão curto período de tempo. Na primeira passagem, de julho à novembro de 2007, o time vinha bem e liderando o campeonato tunisiano. Bastou perdermos uma única partida, 0 X 1, no derby local, para o dirigente demitir-me, no dia seguinte. Três mêses depois, êle declarou publicamente que estava completamente arrependido do erro cometido e contratou-me, novamente. Conquistamos a ¨Copa da Tunisia¨, vencendo na final ao L´Etoile, de Sousse (que disputou o ¨Mundial Inter-Clubes¨, no Japão, naquela ano). Entramos no campeonato muito bem e distanciamos 14 pontos do segundo colocado.
Estive duas vêzes, numa mesma temporada, no Esperance de Tunis (ou Taragi, em árabe). Graças à um presidente idiota e vaidoso, fui demitido por êle, contrariando a opinião das torcidas, da imprensa e de seus próprios pares de diretoria, nessas duas vêzes e em tão curto período de tempo. Na primeira passagem, de julho à novembro de 2007, o time vinha bem e liderando o campeonato tunisiano. Bastou perdermos uma única partida, 0 X 1, no derby local, para o dirigente demitir-me, no dia seguinte. Três mêses depois, êle declarou publicamente que estava completamente arrependido do erro cometido e contratou-me, novamente. Conquistamos a ¨Copa da Tunisia¨, vencendo na final ao L´Etoile, de Sousse (que disputou o ¨Mundial Inter-Clubes¨, no Japão, naquela ano). Entramos no campeonato muito bem e distanciamos 14 pontos do segundo colocado.
Mas
bastou, empatarmos o derby 2 X 2 e novamente, o bestial presidente demitiu-me,
de novo.
Mas
tenho na lembrança, a Tunisia como um dos lugares mais bonitos do mundo (dos 76
países que, até hoje, conhecí).
20-Qual foi seu último trabalho no futebol e por que da sua
aposentadoria como técnico?
Meu último trabalho foi, há dois anos atrás, no Ettehad Club, de Alexandria, no Egito.
Meu último trabalho foi, há dois anos atrás, no Ettehad Club, de Alexandria, no Egito.
Estou
aposentando-me porque já é hora. Estou no futebol, como jogador, supervisor,
gerente, diretor e treinador, há mais de 50 anos. E além do mais, por mais
conhecimento e experiência adquiridos, no Brasil, o cidadão que alcança seus 50
anos, é considerado velho. Enquanto ¨Sir¨ Alex Ferguson, está no cargo de
treinador do Manchester United, na Inglaterra, há quase trinta anos, existem
treinadores no Brasil que não são respeitados no cargo, nem 30 dias. Tenho
plena consciência que o meu ciclo como treinador está encerrado. Mas em contra
partida, também, tenho plena consciência de que poderia, ainda, colaborar com o
futebol, no setor gerencial, consultivo, orientador..., etc...
21-Alfo de inusitado ocorreu na sua carreira?
Numa longa ¨estrada de mais de 50 mil kilometros¨, sem dúvida, muitas coisas inusitadas aconteceram. Mas nada que eu me lembre, em especial ou que valha à pena destacar.
Numa longa ¨estrada de mais de 50 mil kilometros¨, sem dúvida, muitas coisas inusitadas aconteceram. Mas nada que eu me lembre, em especial ou que valha à pena destacar.
22-Na sua opinião,por que as pessoas não valorizam os idolos do passado?
As coisas no Brasil, sempre, tendem à cair na tal da cultura. E a tal da cultura, simplesmente, não existe mais no Brasil, já, faz algum tempo. Somos um país sem memória, embora tenhamos uma rica história política, de desenvolvimento, folclórica, esportiva, musical mas embutida, e até mesmo, escondida do alcance da nossa juventude, que fica distante e podada, impedida de se instruir e conhecê-la mais à fundo. Um povo ignorante, impedido ou que tem o seu acesso dificultado ao ensino básico e sua sequência natural e que só foca o ensino universitário, ¨verdadeira fábrica de ilusão e desempregados¨, apenas, valoriza o ¨ídolo(!) da hora¨(tipo turista de um dia), vomitado pelo baixo nível das emissoras de televisão, de rádio, jornais e revistas que assolam o nosso país. Nunca se deu tanto valôr ao indecente, ao ilegal, ao vulgar, ao sujo, ao indesejável e ao mentiroso. O brasileiro nunca tem tempo, principalmente, para as suas coisas boas e do bem. Mas tem tempo para comparecer, até para ironizar, à paradas, passeatas e movimentos de gays e lésbicas, das vadias, de liberação da maconha..., etc... Ídolos, no Brasil, só depois que morrem e mesmo assim, não atingem três dias de lembrança.
As coisas no Brasil, sempre, tendem à cair na tal da cultura. E a tal da cultura, simplesmente, não existe mais no Brasil, já, faz algum tempo. Somos um país sem memória, embora tenhamos uma rica história política, de desenvolvimento, folclórica, esportiva, musical mas embutida, e até mesmo, escondida do alcance da nossa juventude, que fica distante e podada, impedida de se instruir e conhecê-la mais à fundo. Um povo ignorante, impedido ou que tem o seu acesso dificultado ao ensino básico e sua sequência natural e que só foca o ensino universitário, ¨verdadeira fábrica de ilusão e desempregados¨, apenas, valoriza o ¨ídolo(!) da hora¨(tipo turista de um dia), vomitado pelo baixo nível das emissoras de televisão, de rádio, jornais e revistas que assolam o nosso país. Nunca se deu tanto valôr ao indecente, ao ilegal, ao vulgar, ao sujo, ao indesejável e ao mentiroso. O brasileiro nunca tem tempo, principalmente, para as suas coisas boas e do bem. Mas tem tempo para comparecer, até para ironizar, à paradas, passeatas e movimentos de gays e lésbicas, das vadias, de liberação da maconha..., etc... Ídolos, no Brasil, só depois que morrem e mesmo assim, não atingem três dias de lembrança.
23-Atualmente
pretende fazer o que?Nos meses que você ficou na Suécia serviu para você pensar
em abandonar a carreira mesmo ou você fez outra coisa?
Ainda
estou na Suécia, onde tenho passado um tempo maior à cada ano que passa. Aqui,
¨curto¨, principalmente, os meus dois netinhos (Matteo, três anos e Lorenzo,
nove mêses) mas não posso deixar de usufruir da excelente qualidade e alto
nível de vida, da estabilidade, da segurança, da beleza e funcionamento de tudo,
por aqui e pelos outros países vizinhos.
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