O continente Africano é o
segundo mais populoso, perdendo apenas para Ásia, mas sua população em grande
parte vive na área rural, com apenas 37% vivendo nas cidades.
A religião predominante é a
muçulmana, com 40% de adeptos, em segundo o catolicismo, com 15%, além de
diversos cultos africanos, como por exemplo, a capital mundial do vodu, localizada
em um pequeno país chamado Benin.
Devido a diversas crenças e
grupos étnicos que caracterizam a região, isso acaba influenciando também no
futebol, que em grande parte dos 54 países é o esporte mais praticado. Nossa
primeira história começa na Costa do Marfim, país simples, cujo 48% da
população vive abaixo da linha da pobreza, participou das últimas três Copas do
Mundo (2006, 2010,2014), mas possui histórias para lá de inusitadas.
Durante o ano de 1992, uma
semana antes da viagem para a disputa da Copa das Nações Africanas, competição
essa que os marfinenses nunca haviam ganhado. Os dirigentes da federação foram a uma pequena
cidade chamada Akradio, conhecida por possuir os magos e bruxos mais poderosos
da Costa do Marfim. Os bruxos realizaram o trabalho, e os dirigentes voltariam
ao vilarejo caso a equipe se sagrasse campeã, fato que realmente ocorreu a
Costa do Marfim bateu Gana nos pênaltis pelo placar de 11x10 e conquistou o
título pela primeira vez, os bruxos irritados com o esquecimento dos
dirigentes, jogaram uma praga na seleção.
A praga parece que surtiu
efeito, no campeonato de 1994, a Costa do Marfim ficou com a terceira
colocação, e diante de um cenário de insucessos da seleção, em 2002 o governo
levou um representante para a cidade de Akradio com 2 mil dólares e garrafas de
bebidas para intermediar a negociação com os bruxos. A Costa do Marfim ainda
seria vice-campeã em 2006 e 2012, mas se sagrou campeã em 2015, ao bater Gana
pelo placar de 9x8 nas penalidades.
Em outra história curiosa,
segundo entrevista do atacante Didier Drogba, o ex-goleiro Tizie, aquele que
disputou a primeira Copa do Mundo da Costa do Marfim em 2006, pagou 460 euros
para um bruxo afastar os maus espíritos, o ritual teria ocorrido em um
cemitério.
A Copa Africana de Nações é
cercada de histórias, em 2002, o goleiro camaronês Thomas Nkono, foi preso em
campo pela polícia malinesa por supostamente ter feito uso de magia negra na
semifinal contra Mali.
Treinador Braid Ribeiro durante passagem por Guiné. Crédito: Divulgação Oficial |
O treinador brasileiro Braid
Ribeiro, com passagens por Espérance Tunis da Tunísia, Monastir da Tunísia e Fello
Star, clube onde se sagrou campeão
nacional de Guiné em 2011/2012, disse que na Tunísia não havia rituais nas
partidas, apenas a reza tradicional de todo atleta.
“Eles possuem a mesma rotina
de fé e na África não é diferente. Em Labê, Guiné Conakri, tinha um homem que
rezava para nossa equipe e nossos atletas confiavam nas orações dele, pedindo
força para a equipe e atletas, com banhos e orações”, disse o experiente
treinador maranhense Braid Ribeiro.
Já em Togo, a Federação
Nacional de Vodu, realizou um trabalho para a seleção, após a morte de um total
de 30 atletas entre dois acidentes, o primeiro quando o ônibus da federação foi
atacado em Cabinda na Angola, e o segundo, em um acidente de ônibus da equipe
togolesa do Etoile Filante.
O atacante Adebayor se viu
dentro de uma polêmica nos últimos anos, o atleta acusou sua mãe e sua irmã, de
realizar trabalhos espirituais para não marcar gols.
Um dos conhecidos "Juju Doctors" Crédito: Jornal The Sun |
“A Terra dos Juju Doctors”
A Tanzânia é a terra dos
chamados Juju Doctors, um país de aproximadamente 50 milhões de habitantes,
possui histórias muito inusitadas no futebol, os “Juju Doctors”, são
macumbeiros profissionais, que cobram dos dirigentes dos clubes uma fortuna antes
dos jogos. Os dirigentes acabam pagando, mesmo apesar de não acreditar nesses
trabalhos espirituais, pois, caso não paguem e perca o jogo, a torcida irá
protestar alegando que perderam porque não pagaram os Juju Doctors.
“Na semana que antecede o clássico,
os torcedores de ambos os times, cercam o estádio para protegê-los da macumba
dos torcedores rivais”, diz o treinador brasileiro Neider dos Santos.
Neider durante passagem pelo Simba em 2006. Crédito: Divulgação Oficial |
Neider fala sobre o clássico
Young Africans x Simba, clássico no qual viveu quando trabalhou no Simba na
temporada de 2006, em 2008, o brasileiro retornou para a Tanzânia, porém para trabalhar no Azam,
além de comandar o Saint George da Etiópia em 2014/2015.
Em 2003 na Tanzânia, o Yanga,
como é conhecido o Young Africans, e o Simba, foram condenados pela federação
de futebol local a pagar multas por rituais de feitiçaria antes do jogo,
segundo afirmações, dois atletas do Yanga haviam urinado em campo para
neutralizar as substâncias.
“Eles acreditam em macumba no
futebol, 90% dos jogadores creem nisso, é uma coisa muito forte, cultural
mesmo, uma verdadeira indústria por lá”, completou o treinador Neider dos
Santos.
A curiosidade fica por conta
das manias que os jogadores possuem sentar-se sempre nos mesmos lugares, comer
a mesma coisa antes do jogo, e calçar a meia no pé esquerdo antes do direito.
“Dizem que prata tira a
macumba da equipe”, completa o brasileiro Andrey Coutinho, ex-jogador do Yanga,
atualmente está em Mianmar.
Andrey durante sua apresentação no Young Africans. Crédito: Divulgação Oficial. |
O jogador foi levado na época
pelos brasileiros Márcio Máximo e Leonardo Neiva, porém ambos o treinador e o
auxiliar técnico acabaram saindo, e Andrey continuou na equipe, se tornando
campeão local.
“Estamos no jogo no interior,
era praticamente ataque contra defesa, meu time atacava toda hora, perdendo
muitos gols, a bola não queria entrar de jeito nenhum, batia na trave, na cara
do goleiro e não entrava. Aí que do nada um cara da comissão técnica foi ao
lado da trave do goleiro adversário, e lá havia outra luva, uma luva feia e
suja, ele pegou e saiu correndo, o jogo parou, o policiamento correu atrás dele
junto com os atletas do time e o goleiro também, conseguiram pegar, mas
coincidência ou não, depois que essa luva saiu ao lado da trave, conseguimos
marcar o gol da vitória, e até fui eu que marquei”, completou o brasileiro
Andrey Coutinho.
Além da Tanzânia, Guiné, Togo
e Benin, há mais países africanos que utilizam rituais para diversos fins,
sendo os Juju Doctors, os chamados macumbeiros profissionais ou rituais e
amuletos, muito praticado na região predominante ao oeste africano.
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