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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

"De Cara a Cara"

O "De Cara a Cara" deste mês entrevista o treinador Brasileiro Marcos Grosche, que apesar de não ser muito conhecido no Brasil, tem amplo conhecimento do futebol Mundial, obtendo licença da Uefa para ser treinador e também licença A da Federação Australiana, além de ser instrutor técnico de cursos na Oceania.
Sua carreira começou no Nacional de São Paulo em 1997, mas ficou até 1998, quando neste mesmo ano recebeu uma proposta da China para trabalhar no pequeno Bin Hai. Na China ficou até 2002, quando saiu para se tornar o primeiro treinador Brasileiro a trabalhar nas Ilhas Maldivas comandando o New Radiant e se tornando vice-campeão nacional.
Em 2005 recebeu uma grande oportunidade, foi diretor técnico da Seleção de Papua Nova Guiné, onde viajou pelo país inteiro e criou até a liga semi-profissional do país, capacitou melhores os treinadores e jogadores, e o resultado disso foi a ida do Hekari United para o Mundial de Clubes da Fifa.
Marcos teve três passagens pelo futebol Europeu, comandando o pequeno Kista da Suécia por duas ocasiões, e uma vez comandou o pequeno Santa Marina de Portugal, confira abaixo a carreira do experiente treinador, formado em Educação Física e Pedagogia.


Nome: Marcos Grosche
Nasceu: 22/05/1966
Clubes: Santo André (1982-1985)-juniores
Clubes como Treinador:
Nacional-SP(1997-1998), Bin Hai-China(1998-2002),New Radiant-Maldivas(2002-2003), Guaçuano-SP(2003), Seleção de Papua Nova Guiné(Diretor Técnico) (2005-2008),Marist-Ilhas Salomão(2008), Kista-Suécia (2009-2010/ 2013),Sepahan-Irã(2010), Hekari United-Papua Nova Guiné(2010), Curdistão-Iraque(2011),Santa Marina-Portugal(2012).

1-Marcos você acabou não se tornando jogador profissional por conta de uma contusão. Isso para você entrar no futebol foi um problema devido a conhecer pouca gente no meio?

Não, foi por contusão mesmo, a medicina esportiva não era o que é hoje.

2-Em 1997 você foi trabalhar no Nacional, ficando até 1998 quando recebeu uma proposta da China. Por quê foi para este país, fale do trabalho no Bin Hai  e esse clube que abriu as portas para você na Ásia?

Foi a convite do patrocinador do Nacional na época, que eram Chineses.
Sim abriu as portas na Ásia.

3-Como foi parar em Maldivas, você foi muito reverenciado por ser Brasileiro?

Fui parar nas Ilhas Maldivas através de um jornalista do Sri Lanka. Ele conhecia o presidente do clube que precisava de um treinador Brasileiro. Fizemos uma boa campanha, mas fomos vice-campeões na época, foi bom no sentido das pessoas gostarem do futebol Brasileiro e gostarem de nós. 

4-Fale mais sobre o pequeno e o por quê do retorno para o Brasil trabalhando no Guaçuano?

Antes do fim de meu contrato nas Ilhas Maldivas, um empresário me ligou e perguntou se eu queria vir para o Guaçuano. Eu aceitei pelo fato de ficar conhecido no futebol Paulista. 


5-Marcos, por que teve poucas oportunidades no Brasil?

Tive poucas oportunidades porque me ocupei em aprender mais do futebol Mundial, para colher os frutos depois.

6-Fale como é a tática Européia e o por quê o estilo dos jogadores Brasileiros continua arcaico?
Os Europeus nos copiaram tanto na técnica quanto na tática nos anos 1970, aprimoraram e se tornaram potência, o Brasil parou no tempo, fazemos o mesmo desde 1958 (influência Carioca) e vivemos uma cegueira técnica e tática a níveis insuportáveis com treinadores cegos pelo dinheiro no final do mês. 

7-O futebol da Oceania não é profissional, e mesmo diante disso por quê aceitou trabalhar por lá?

Aceitei pelo importante cargo, (Technical Adviser) top em qualquer seleção do mundo, um especialista, e graças a essa oportunidade tive a noção do antes e do depois no futebol que eu praticava e treinava, também passei a fazer parte do grupo de estudos técnicos da Oceania Football Confederation sob a supervisão da Uefa Européia.

8-Como foi o trabalho de instrutor técnico na Seleção de Papua Nova Guiné, e o quanto essa seleção evoluiu na época em que trabalhou?

Em Papua Nova Guiné fui instrutor da seleção, dos clubes e dos treinadores, viajei muito pelo país, criamos a liga Semi-Profissional de Papua e o resultado disso foi a ida do Hekari United para a Copa de Clubes da FIFA nos Emirados Árabes, jogadores na liga da Austrália e Nova Zelândia, além de treinadores melhor capacitados.

9-Após passagem pela Papua você foi para o Marist de Ilhas Salomão. Como foi a curta passagem pelo futebol desse país?

Foi apenas para aprimorar o conhecimento dos treinadores do clube e orientar melhor os jogadores, além de organizar um curso de futebol nível C para os treinadores locais.
O curioso é que o país só possui um estádio e um campo de treinamento para seleção local.

10-Poucos treinadores Brasileiros trabalham na Europa, e você teve a oportunidade de trabalhar duas vezes na Suécia e uma em Portugal. Fale desses dois desafios que teve?

Por eu ser Diretor Técnico de seleção e instrutor FIFA, me qualificando para  a profissão. O convite veio de um diretor Sueco que me levou a trabalhar lá e aprender muito mais no solo Europeu. Em Portugal foi para o pequeno Santa Marina para observar o trabalho de um treinador Brasileiro que não se adaptava ao modelo Português com 4 zagueiros e ajudá-lo nessa adaptação (ganhei como instrutor). Adoro o futebol Europeu.

11-Como foi o trabalho de conselheiro técnico no Hekari que disputou o Mundial de Clubes?

Foi interessante, porque me pediram para treiná-los fisicamente (risos), o treinador foi meu aluno, já sabia o que fazer, na verdade não interessava o resultado, só a ida para esse torneio foi uma vitoria do futebol de Papua. 

12-Fale de seu trabalho no Sepahan do Irã?

No Sepahan fui convidado a fazer toda reformulação nas divisões de base e educar os treinadores. O clube tinha uma estrutura maravilhosa para um país sob severas restrições por parte dos Estados Unidos.

13-Em 2011 foi trabalhar na região do Curdistão no Iraque, uma região que geralmente está nos jornais por conta de atentados. Você teve algum problema desse tipo?

O Curdistão (região dos curdos) é seguro, um lugar muito desenvolvido, bons campos de futebol, nível técnico abaixo dos
Iraquianos (árabes), mas querem ser melhores em tudo, me dei muito bem lá.


14-Com o futebol você conheceu muitos países e culturas. Você possui alguma história inusitada que ocorreu com você no futebol?

Tem várias,  mas uma que gosto muito foi em Papua Nova Guiné, quando cheguei numa determinada ilha, o chefe da tribo local me ofereceu suas duas filhas para cuidar de mim enquanto estivesse lá, inclusive dormir na mesma cama, seria uma ofensa não aceitar, então , não tive alternativa (risos).


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