No Brasil poucos o conhecem, mas o experiente treinador
Roberto Luiz, ou como é conhecido, Beto Bianchi, tem a missão de reestruturar o
futebol angolano comandando a seleção e um dos maiores clube do país, o Clube
Desportivo Petro Atlético Luanda.
Após a participação na Copa do Mundo de 2006, o país não
obteve resultados mais expressivos e a seleção não possui mais chances de
classificação para a Copa do Mundo da Rússia de 2018.
Em entrevista coletiva pelo Petro Atlético Luanda. |
O responsável para reerguer o futebol angolano, Beto
Bianchi, tem 50 anos e nasceu na cidade de Itatiba, interior de São Paulo. Como
jogador, passou pelas categorias de base do Guarani e Portuguesa, até se
profissionalizar no São Bento de Sorocaba. O garoto do interior jogava no
Naviraiense do Mato Grosso do Sul, quando em 1991 recebeu uma proposta do
Caravaca, clube da terceira divisão espanhola, e assim, nunca mais retornou ao
futebol brasileiro.
Como treinador, começou a carreira no clube que encerrou,
o Ciudad de Murcia em 2004.Após passagens por Zamora e Lorca Deportiva, Beto
saiu da Espanha, para trabalhar no futebol da Indonésia, onde comandou a
seleção sub23, Batavia Union e Pro Duta FC. Retornou ao futebol europeu, onde
comandou o Racing Montegnée, da Bélgica em 2013.
Desafio
no futebol angolano
A chegada à capital Luanda ocorreu em 2016, para comandar
o Clube Deportivo Petro Atlético Luanda, uma das maiores equipes do país, com
apenas 37 anos, já possui 15 títulos do Girabola, campeonato nacional local e
seis Supertaças da Angola. O clube é comandado pela empresa petrolífera estatal
Sonangol, uma das maiores da África, presidida por Isabel Santos, mulher mais
rica do continente e filha do presidente angolano José Eduardo dos Santos.
Com pouco mais de um ano no país, Beto Bianchi conquistou
grandes resultados com o Petro Luanda, o que culminou na proposta para dirigir
a seleção angolana. “Nós fomos vice-campeões com uma equipe bem jovem,
inclusive o objetivo era terminar entre os cinco primeiros, mas conseguimos
marcar a diferença justamente no enriquecimento dos conceitos táticos”, revela
o brasileiro sobre o vice-campeonato angolano de 2016.
“Agora
represento um grande clube e uma grande nação”.
Beto Bianchi durante apresentação na seleção angolana. |
Com uma fase excelente no clube, no mês de março deste
ano, o treinador recebeu a proposta para comandar a seleção angolana, e revela
mais pressão em dividir o tempo trabalhando no clube e na seleção. “Antes de
aceitar a proposta, pensei bem nos prós e contras. Existe mais trabalho e mais
pressão, mas isso faz parte do dia a dia de um treinador”, disse Bianchi.
Segundo o treinador, o futebol angolano carece de
melhores campos de jogo, o que dificulta a prática do bom futebol e também de
aspectos táticos nas categorias de formação.
A motivação para o desafio está na reestruturação do
futebol angolano, que atualmente ocupa apenas a 144° posição no ranking da
FIFA, atrás de países como Guiana, Burundi, Comores e Libéria.
“Depois
do jogo que tivemos com a potente seleção da África do Sul, subimos três
posições no ranking da FIFA”
Seleção angolana durante viagem em amistoso contra a África do Sul. |
Entre as mudanças já realizadas, estão a dinâmica de jogo
e a evolução tática que obteve no clube, mas Beto Bianchi alerta para uma parte
cultural dos jogadores, a chamada fé na bruxaria para ganhar uma partida. “Eles
acreditam mais nestas coisas que no próprio trabalho diário”, revela Bianchi,
confessando que no clube já conseguiu mudar um pouco essa mentalidade.
Sem chances de classificação para a Copa do Mundo, o objetivo
do brasileiro é qualificar a seleção para a Copa Africana de Nações 2019.
Reportagem: Ulisses Carvalho
ulisses1995@outlook.com
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